VI: Sleepy Darling

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<[P.O.V. Narradora]>


Frio...uma brisa gelada toca o rosto desacordado de Y/N, era algo a se admirar, sua pele brilhosa e hidratada,  suas juntas coradas, seus lábios rosados entreabertos, seus longos cílios começam a ousar a finalmente a tentar se abrir, lentamente, os olhos pesados lutam para manter um foco, piscou vagarosamente algumas vezes e finalmente encontrou um foco, viu uma figura esguia assentada numa cadeira, a figura à sua frente conversava com o celular, porém seus ouvidos não eram capazes de assimilar as palavras que saiam por entre seus dentes pontudos e aquele sorriso bobo, a pessoa na cadeira logo percebe a movimentação de Y/N e parece se despedir do celular e o desliga, o ponto no bolso de seu casaco de frio e um outro sorriso convidativo se abriu para ele


— Bom dia, minha vida! Dormiu bem? Eu fiz questão de deixar você dormir na minha cama pra que você ficasse o mais confortável possível, o que achou da cama? É macia?— o rapaz questionou sorrindo, olhando diretamente para Y/N que tremia levemente, o rapaz olhava em volta apenas com os olhos tentando entender o que se passava ali — Ah, você parece desconfortável...a-ah, não precisa se preocupar, eu dormi no sofá, eu mal encostei em você desde que chegamos em casa...e-então...não precisa se preocupar, não sou esse tipo de cara— o homem na cadeira se constrangeu cogitando que seria esse o motivo da desconfiança da menor, que parecia mais incomodada a cada palavra, porém não esboçava reação


 O sequestrador...ou melhor, "anfitrião", falava coisas sem sentido sobre o trânsito da noite e sobre produtos no mercado, coisas total e completamente desconexas e sem ligação com os acontecimentos que levaram esse momento a acontecer, ele conversava casualmente de forma natural, era assustador


— Eu fiquei impressionado do quão frio ficou de madrugada, sério! Eu fiquei pensando se devia vim aqui colocar mais uma coberta em você mas aí concluí que não, acho que você não gostaria nadinha se eu viesse aqui durante a noite sem seu consentimento e principalmente mexer com você...não quero parecer ser esse tipo de pessoa, sabe...?— o rapaz cora levemente coçando a nuca— Quero que nossa relação seja a mais natural possível, e não quero te forçar a nada que você não esteja pronto...eu posso esperar você...—ele lança um olhar profundo para Y/N com a cabeça baixa, que tremia com lágrimas nos olhos, o "anfitrião" tentou lhe dar um olhar acolhedor, enquanto esticou sua mão até ele, pousando-a suavemente em sua bochecha e retirando as lágrimas de seu olho esquerdo— Ta tudo bem, querido, eu to aqui, não precisa mais ter medo de nada, eu vou te proteger de tudo, não precisa mais chorar— o homem alto tentou trazer o corpo trêmulo e gélido do menor para perto com o braço livre, contudo Y/N entrou em pânico, tentando se afastar de seu sequestrador, que teimava em lhe ter nos braços, quando conseguiu a agarrar, juntou seu pequeno tronco amedrontado no seu, que estava aquecido pelo casaco que trajava, Y/N se debatia esperando pelo pior, o que ele faria a seguir? Não conseguia parar de pensar enquanto o raptor abraçava-a ternamente, seu sorriso apaixonado crescia ao sentir seu calor passando para seu amor, apertou levemente o abraço com o rosto avermelhado, Y/N queria gritar, tentava afastá-lo, porém era forte demais, mesmo assim não deixou de tentar lutar contra o homem


 Longos segundos se passaram, o abraço, para um, era doce, amável, o calor de um amor puro e adorável, para outro, quase uma carta de morte, assinada com seu próprio sangue, suor e lágrimas, uma sinfonia fúnebre compassada com seu coração ansioso acompanhado de seus pulmões fraquejados, sua garganta parecia seca e entalada com aquele grito contido, aquele choramingo tímido que teimava em lhe queimar as cordas vocais, o rapaz deu um pulinho e se separou do menor aterrorizado— Lembrei de uma coisa! Caramba, mil desculpas, Y/N, eu me esqueci de trazer seu café da manhã— ele simulou um pedido de desculpa com uma mão próxima do rosto e um sorriso nervoso— Ainda deve estar quente, vou la pegar, dizem que café na cama é a melhor forma de demonstrar que se ama alguém, gosta de torrada com requeijão ou prefere manteiga? Tanto faz, vou trazer os dois pra você, tem alguma alergia? Prefere leite com chocolate ou com café? Vou trazer com café, melhor nessa manha geladinha, vou  indo— ele deixou a pequena criatura para trás, saiu pela porta trancando antes de correr até a cozinha, agora Y/N estava realmente sozinho

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