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— Você não tinha o direito! – Paraná apontou para Santa Catarina, furioso.

O ruivo, que estava estirado no sofá de sua casa com uma almofada na cara, nem se deu ao trabalho de responder. Na verdade ele estava tentando entender porque raios havia aberto a porta para um Paraná surtado logo numa tarde de sábado pós festa sendo que sua cabeça estava explodindo de ressaca.

— De todo mundo, de todas as ideias que tu já teve na vida, essa foi a mais idiota! – o moreno andava de um lado para o outro, quase gritando de indignação.

— Tu queria que eu fizesse o quê?! – o menor tirou a almofada do rosto, se arrependendo no mesmo instante, pois a claridade do sol o obrigou a fechar os olhos. – Urgh. – ele resmungou, sentando-se e esfregando o rosto. – Tu tava pra lá de Bagdá e eu precisava de alguém pra te levar pra casa, o Rio Grande era o único são o suficiente pra isso oras.

Paraná parou bruscamente, virando-se para ele.

— Foda-se! – ele bateu palma, o que fez o catarina ter vontade é de bater na cara dele. – Eu não precisava ir pra casa, me deixasse lá!

Já acostumado com a claridade, o catarinense levantou o olhar para o colega, agora quem estava puto era ele.

— Ô piá dos inferno, tu quer parar de reclamar e me agradecer?! – Paraná elevou as sobrancelhas, surpreso. – Por que tu acha que não tá sofrendo de ressaca imbecil? – ele pegou a almofada que usou no rosto e jogou com força no outro. – Porque teve alguém pra cuidar de você!

O paranaense agarrou a almofada e comprimiu os lábios, contrariado. Ok, o gaúcho o ajudou quando ele pôs as tripas pra fora, ofereceu água, deu carona, carregou pra dentro de casa, trocou as roupas e... Ele sentiu o rosto esquentar. Já havia surtado o suficiente quando acordou e lembrou dos acontecimentos da noite anterior, não precisava passar por isso de novo.

— Tá! – ele jogou a almofada de volta no sofá. – Mas... mas... – ele resmungou frustrado, parecendo uma criança birrenta, e se largou ao lado do amigo.

Santa Catarina analisou o moreno por alguns minutos. Naquele mato tinha coelho e ele sabia disso.

— Desembucha – ele simplesmente ordenou.

— O quê? – o moreno arqueou uma sobrancelha.

O catarina se ajeitou no sofá, sentou de frente para o outro e cruzou os braços.

— Não faz sentido você estar dando um ataque de pelanca sendo que eu pedi pro Rio Grande do Sul só ir te buscar e levar pra casa.

Paraná congelou. Olhou para os lados. Coçou a nuca. Isso foi o suficiente pra ligar o alerta vermelho do catarinense.

— CONTA! – ele puxou o outro pela camisa. – AGORA!

Paraná começou a se arrepender de ter ido até lá chorar as pitanga com o catarina, mas já era tarde demais, então só lhe restou contar tudo o que havia acontecido, detalhe por detalhe, do que ele lembrava, claro, pois a bebida não tinha ajudado muito.

O paranaense quase não conseguiu terminar a história, pois na parte em que o gaúcho precisou fazer um puta esforço pra lhe colocar o shorts, Santa Catarina começou a gargalhar e estapear o sofá, chorando de rir.

— Socorro... – o ruivo enxugou uma lágrima. – Ah não, eu preciso ligar pro Rio Grande do Sul – ele pegou o celular, – necessito escutar isso diretamente dele.

— NEM A PAU! – o outro arrancou o aparelho de suas mãos. – E dá licença que eu não terminei a história demônio!

— Ok, ok. – o catarina deu de ombros e escutou o resto com um sorrisão no rosto. Aquilo havia saído melhor que a encomenda de tantas maneiras que era impossível ele não rir ou sorrir.

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