Ciúmes?

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Os dias que se seguiram foram literalmente uma zona. Paraná e Rio Grande do Sul trouxeram tantos documentos, fotos, pôsteres e dados para colar em suas paredes que Santa Catarina começou a duvidar se uma pessoa poderia morrer afogada com papel.

A gota d'água foi um Coelho da Páscoa de papelão de um pouco mais de um metro e meio que Paraná trouxe sem qualquer explicação plausível. Ele e RS jogaram aquele troço de um lado pro outro da sala tantas vezes que Santa Catarina precisou levar o coitado do Coelho para o próprio lado antes que os dois estados botassem fogo ou picotassem o bicho.

— O que a gente faz com eles, hein Geraldo? – o catarina se apoiou no papelão. – Não, infelizmente não posso jogá-los pela janela. – ele balançou a cabeça negativamente com uma expressão de "que pena".

— Ele a gente pode – Paraná apontou para o outro. – Se quiser até te ajudo.

Rio Grande do Sul desviou o olhar de seu painel, cruzando os braços.

— Bah, os dois tampinhas contra mim? – ele arqueou uma sobrancelha. – Essa eu queria ver – e soltou uma risada anasalada.

— Tá me tirando guri? – Paraná fechou a cara. – Tu é grande, mas não é dois não.

— Eu sei, é fofo né? – SC continuava conversando com o Coelho. – Pois é, brigam que nem cão e gato, mas compartilham até as gírias.

— Ei!!! – os dois fuzilaram o menor com o olhar.

O catarina caiu na risada e se jogou em sua cadeira.

— O que foi? – ele colocou os cotovelos na mesa, entrelaçou os dedos das mãos e apoiou o queixo em cima, sorrindo sapeca. – Só não vê quem não quer.

O gaúcho revirou os olhos, bufando.

— Dá licença que tenho mais o que fazer – e voltou sua atenção aos papéis colados na parede.

Batidas discretas no vidro ressoaram pela sala e Curitiba abriu a porta, cumprimentando os três com um sorriso.

— Bom dia gente.

— Curitiba, meu amor! – Paraná abriu os braços, sua carranca de antes dando espaço a uma expressão de alegria genuína.

— Trouxe o que me pediu – ela ergueu uma pilha de folhas.

— É por isso que eu não te troco – o rapaz a abraçou apertado.

Estado e capital não perceberam, mas RS observou a cena pelo canto do olho. Para um leigo qualquer, sua expressão não mudou um milímetro, mas para a visão afiada de Santa Catarina, aquilo significava muito.

Paraná se separou da jovem e pegou os documentos, colocando-os em sua mesa. Ao observar os painéis Curitiba elevou um pouco as sobrancelhas, surpresa com todo o trabalho realizado pelo trio.

— Uau... – ela se aproximou do gaúcho, maravilhada. – Esse é o Mundo do Chocolate que todo mundo fala?

O homem assentiu com a cabeça, sorrindo orgulhoso.

— Um estabelecimento de mais de 3 mil metros quadrados que proporciona ao visitante uma volta ao mundo com mais de 200 peças que juntas somam 30 toneladas de chocolate.

— Parece magnífico! – ela juntou as palmas das mãos, animada, e se aproximou do painel para observar melhor as fotos do lugar. – Infelizmente nunca tive muito tempo pra ir por causa do trabalho.

— Bom – RS sorriu de canto, galanteador, – se você quiser posso fazer uma reserva e preparar um tour especial só pra você no inverno desse ano. Se não se importar com o frio, é a melhor época para uma visita.

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