0.6 - Sorrisos

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04.03.2034

𝑅𝑒𝒾𝓃𝑜 𝒹𝑒 𝒜𝓃𝒸𝒽𝒾𝑒

Talvez criar planos de guerra contra seus aliados não fosse a melhor forma de prevenção existente, porém um rei que se preze deveria estar preparado para todas as situações, principalmente para traições.

As portas antes sempre abertas do reino vermelho agora possuíam grandes portões pesados e esquadrões completos para garantir que ninguém entraria ou sairia sem supervisão. O rei perfeito também estava trancado atrás das portas ornamentadas de seu quarto, envolto a papéis e monitores enquanto avaliava os últimos acontecimentos e tudo o que se seguiu nos poucos dias passados, já que ocorreu uma nova investida, agora contra Tenebra.

Estava secretamente aterrorizado.

Não por ter seu reino massacrado, não por seu único filho que estava a horas de distância no atual alvo da rebelião... Mas por si mesmo, pois seu maior medo era esse, perder a própria cabeça.

Tentava manter a calma enquanto assinava seus próprios planos, uma atitude presunçosa em não fazer questão alguma de sinalizar os demais reinos, afinal, quem avisaria o inimigo que estava prestes a atacá-lo? Nos pensamentos do monarca uma única ideia era clara: estavam o atacando pessoalmente. Não sabia quem, se realmente eram apenas rebeldes cansados de seu governo rígido e miserável, ou pior que isso, algum de seus falsos aliados afim de derruba-lo.

Nada disso importava, revidaria quem fosse na mesma moeda.

Piedade nunca fora seu maior atributo, de qualquer forma. Estava disposto a tudo para proteger sua coroa, sua riqueza e dominância. Por mais que vacilasse a postura imbatível vez ou outra, o desespero lhe cegava de uma forma estranha, era sufocante e iria matá-lo se não fizesse nada. E nada podia matar o rei, ele era intocável. Faria qualquer coisa para permanecer assim.

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𝑅𝑒𝒾𝓃𝑜 𝒹𝑒 𝒯𝑒𝓃𝑒𝒷𝓇𝒶

O banho realmente o tinha ajudado a relaxar, além de não possuir mais nenhuma agulha conectada às veias e ter uma boa noite de sono em dias pelo calmante receitado por Jihyo, a simpática e taciturna médica chefe. Ainda tinha a mente cheia de ideias mal elaborados e loops de trechos das coisas que vivera, mas deixou para pensar em qualquer outra coisa que não fosse sua refeição em outro momento. Agradeceu pelo pedaço de torta de carne a sua frente e a porção de fritas e um pote de vegemite - além de alguns outros pratos que conhecia bem - parecerem tão apetitosos, exalando um aroma que fez seu estômago chiar em ansiedade.

- Você está quase salivando - Han zombou, servindo um copo com água e o deixando na mesa para o amigo. Se sentou na cadeira logo ao lado, o observando curioso. - É a especialidade da senhora Chizue, ela disse que você iria gostar de lembrar de casa...

- Com certeza vou gostar, agradeça a ela por mim, por favor - Fechou os olhos e uniu as mãos numa breve reverência.

O sabor delicioso preencheu seu paladar; realmente tinha sabor de 'casa', o fazia lembrar Inna e seus jantares típicos. Ela adorava ficar na cozinha...

O salão de jantar permaneceu em silêncio pelos minutos seguintes, até mesmo o conselheiro parecia mais inquieto e calado, um comportamento estranho a sua personalidade extrovertida. Felix coçou a garganta chamando sua atenção, perguntando com o olhar o que estava acontecendo.

- Ta tudo bem, não se preocupa, Lix - sorriu fechado - É que tudo isso... Não tem como não ficar um pouco incomodado.

Estavam sozinhos no cômodo, o guarda irritante se encontrava em seu próprio almoço a algumas salas dali, finalmente dando um minuto de descanso ao príncipe. Realmente não queria tocar em assuntos onde palavras como "guerra" e "massacre" se repetiriam, mas também sabia que em algum momento teria que enfrenta-las. Fugiria se não se colocasse sempre em linha de frente. Não podia fugir.

O Príncipe e o Guerreiro - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora