Capítulo 3

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O vídeo aqui em cima eu deixo para que escutem essa música, machuca tanto como esse capítulo. Também deixo porque no começo dessa história eu praticamente trouxe o grupo CNCO para a playlist desse livro, fazendo de Lizy uma fã do grupo.

O que é uma referência válida, já que quando descrevi a adolescência dela, a faixa de idade bate exatamente quando o grupo surgiu, e nessa mesma época o grupo virou uma febre em são Paulo e em muitos estados brasileiros.

Espero que gostem da música.

Eu amo.

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Lizy

Entendi, da pior forma, que a felicidade não é um estado de espírito permanente, apenas pequenos momentos fugazes que vem e vão como uma folha seca ao vento.

Sinto o soprar desse vento, levando para longe minha felicidade, meu mundo inteiro. Aqui, olhando em choque para o chão cheio de sangue, o amor da minha vida respirando irregularmente, e o filho da puta que causou tudo isso apontando uma arma para minha cabeça.

- O Boss manda um recado para você Capitãozinho. - Ele sorriu. - É assim que se mata um pássaro, permitindo-o acreditar que ele pode voar.

Terror corre por todo meu corpo, meus olhos ardem derramando lágrimas grossas, vendo Owen deitado de bruços no chão, dois ferimentos de bala nas contas e um no braço. Causado por aquele que acolhemos como nosso amigo, nosso irmão, em quem colocamos nossa confiança.

O corpo de Owen começa a dar espasmos embaixo das minhas mãos trêmulas. Tento conter o sangramento precisando forte, mas não é suficiente.

- Owen olha para mim. - Pedi, ao perceber seu esforço para balbuciar alguma resposta. - Olha para mim amor.

Lentamente seu rosto vira para mim, todo seu corpo treme com o esforço. Ele está perdendo muito sangue. Seus olhos encontram os meus, e algo em mim começa a se partir, quando já não vejo o brilho que havia ali, apenas um azul tempestuoso, vazio, como a vastidão do oceano.

Owen entra fecha os olhos e não volta a abrir, temo que esteja partindo. Chamo seu nome diversas vezes buscando acorda-lo, mas seus olhos não abrem. Então escuto outro tiro, salto de susto e olho para atrás de nós, para onde Melissa e Nick gritavam um com o outro.

- Porque Nick? - pergunto, encarando ele. - Porque está fazendo isso? Confiei em você. Nós confiamos.

O negro virou o rosto para mim e logo para onde Melissa se arrastava no chão, a perna sangrando pelo ferimento na perna, o medo explícito em suas feições, a dor, as dores.

- Sabe, quando você é só um garotinho, filho de pais separados, sua mãe de classe média-baixa, ambos negros em um país de branco? - Pergunta amargurado. - Seu pai um filho da puta que desapareceu sem dizer se quer um adeus, deixando vocês cheios de dividas, na miséria, obrigando sua mãe a trabalhar como uma maldita escrava dia e noite para te sustentar. Até que um dia aparece um homem loiro na sua porta, boa pinta, seu cheiro e porte gritando dinheiro. E então leva você e sua mãe para morar com ele e filho, na sua mansão.

Eu sei que ele viu a compreensão no meu olhar, porque eu sabia mais ou igual que ele essa sensação. Mas logo isso mudou para desprezo quando escutei o que continuou a falar.

- Do nada você cai de paraquedas em uma família militar, cheia de disciplinas e exigências, onde o menino que queriam obrigar você a aceitar como irmão era o filho perfeito. E você cresceu assim, tentando superar o menino lindo dos olhos azuis.

- O que você está falando? - Melissa sussurrou. - o que isso tem haver com... Com isso?

Nick olhou com desprezo para Melissa, negou com a cabeça e continuou a história.

O Que Nunca Sonhamos #Equivocados3Onde histórias criam vida. Descubra agora