Capítulo 20

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A noite caiu. Horas se passaram desde que Severus sentiu a dor no dedo e soube que perdeu Harry para o sono. Agora, parados diante do castelo do rei James, Severus e Sirius, uma vez mais em sua forma humana, encaravam os enormes portões de ferro. Atrás deles, Draco continuava adormecido, apoiado numa árvore. Os portões não estavam protegidos por guardas, e tudo estava estranhamente silencioso. Notando isso, Severus inclinou a cabeça. Por um lado, isso era bom, pois significava que poderia entrar no castelo. Mas, por outro, significava que ele não fazia a mínima ideia do que esperar no interior.

_Ele está esperando por você lá dentro – Sirius observou. Não se deu o trabalho de dizer quem era “ele”, pois Severus sabia muito bem. – Se passarmos por esses muros, nunca sairemos vivos. - Severus continuou a olhar para a frente, mal registrando as palavras de Sirius.

_Então, não entre – disse distraído – Esta guerra não é sua. – Usando o bastão, suspendeu o dormente Draco e começou a andar.

Atrás dele Sirius soltou um suspiro. Uma vez, apenas uma vez, seria agradável se Severus conseguisse enxergar o que estava acontecendo. Seria bom ouvi-lo dizer: “Por favor, venha comigo, Sirius. Podemos fazer isso contanto que estejamos juntos”. Mas Sirius sabia que nunca ouviria tais palavras. E por mais que desejasse que tudo fosse diferente, também sabia que jamais deixaria Severus entrar no castelo sozinho. Soltando um gemido, correu para alcançá-lo. Os cômodos do castelo estavam em silêncio. Notícias de que a maldição fora cumprida se espalharam tal qual um incêndio numa floresta, e os criados e os soldados tremiam de medo ante a ira do rei James. Ele já soltara sua fúria sobre as três fadas estúpidas que permitiram que Harry regressasse antes da hora. Depois de gritar com elas por horas, chamando-as de criaturas inúteis, ordenara que elas encontrassem alguém, qualquer pessoa que pudesse dar o Beijo do Amor Verdadeiro no filho.

O que ele não sabia era que seu primeiro amor estava dentro do castelo, aproximando-se com o único homem que poderia ter uma chance de despertar o príncipe. Assim que Severus passou pelo portão principal do castelo, sentiu o peso do ferro. Porquanto era capaz de evitar tocá-lo, o metal escuro estava por toda a parte. Cobria as paredes, cuidadosamente entalhado na forma de arbustos espinhentos, fazendo com que aquilo se parecesse com uma versão de ferro da Muralha de Espinhos. Os espinhos partiam das paredes e do teto, forçando Severus a avançar com cautela, mantendo um ritmo lento. Ansioso por ver Harry, queimou-se ao se aproximar. Mas, quando ouviu a aproximação de um guarda e teve de se esconder nas sombras, percebeu que andar não era pior do que a dor lancinante sentida quando o ferro a tocou nas costas. Quando o guarda passou e o corredor ficou desimpedido, Severus se afastou da parede, arquejando.

_Você se queimou? – Sirius perguntou com preocupação na voz. Mas Severus não respondeu. Cerrando os dentes, simplesmente disse:

_Vamos em frente.

Nos minutos seguintes, caminharam em silêncio. Ouvindo mais passos, mais uma vez se esconderam nas sombras. Mas, dessa vez, Severus ficou atento e manteve as costas afastadas da parede. Espiando, viu que os passos pertenciam a duas criadas, que carregavam lençóis nos braços conforme se apressavam pelo corredor.

_Durante quanto tempo ele vai dormir? – uma delas perguntou. A outra deu de ombros.

_Para sempre, acho. - Severus olhou para Sirius e levantou uma sobrancelha. As mulheres só podiam estar falando de uma pessoa: Harry. Severus esperou que as duas passassem, depois, em silêncio, voltou para o corredor. Sirius se juntou a ele, segurando Draco. Começaram a seguir as criadas.

Pouco depois, chegaram ao quarto do principe. Esconderam-se atrás de um par de cortinas pesadas que cobria uma parede oposta ao quarto, e Sirius avaliou a situação. Dois soldados montavam guarda e, através da porta aberta, Severus conseguia ouvir as vozes irritantes de Knotgrass, Thistlewit e Flittle. O trio parecia estar forçando alguém a beijar o príncipe.

The Sleeping Beauty - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora