The Sleeping Beauty - Drarry

Capítulo 21

_Era para acontecer alguma coisa agora? – Voltando a ficar ereto, o príncipe olhou para as fadas com expectativa.

O coração de Severus afundou. A esperança sumiu, e toda a amargura e o desespero que ele afastou no instante em que os lábios de Draco e de Harry se encontraram voltaram renovados. Deveria ter sabido. O amor verdadeiro não existia. Harry jamais despertaria. Severus jamais teria a oportunidade de se explicar. Nunca mais caminhariam pelos Moors juntos, nunca mais veriam o sol se pôr e brincariam com as fadas da neve na campina delas. Harry continuaria dormindo… Para sempre. Severus subitamente percebeu que os pais, no fim, estiveram certos: existiam, de fato, humanos bons, os que apreciavam e amavam a natureza tanto quanto as fadas. Percebeu que a paz era possível entre as raças, que os humanos não tinham que ser tratados com violência. Mas chegara a essa conclusão tarde demais. Próximas à cama, as três fadas levantaram as mãos para o alto, tomadas de frustração. Também estavam tristes, mas por motivos mais egoístas. Se o rei James descobrisse que fracassaram na tentativa de despertar o filho dele, não havia como saber o que faria com elas.

_Eu tinha tanta certeza de que era ele… – Flittle disse para as outras enquanto empurrava Draco pela porta. Seguindo-o, Knotgrass assentiu.

_Temos que continuar procurando. Vamos raspar o fundo do barril. Ele não precisa ser um príncipe. Nem precisa ser bonito.

_Nem tão limpo – Thistlewit acrescentou, enquanto saíam para o corredor e fechavam a porta atrás delas.

Severus saiu do seu esconderijo nas sombras do quarto e seguiu para junto da cama. Ajoelhando-se ao lado de Harry, olhou para o belo principe. Mesmo dormindo, ele parecia bom e generoso, e Severus se sentiu ainda mais culpado pela punição tolamente imposta ao garoto inocente. Quem haveria de pensar, durante todos aqueles anos, que as coisas acabariam assim? Que a maldição seria tão grande para Severus quanto era para Harry?  Soltando um suspiro longo e triste, levantou a mão e afastou os cabelos do rosto de Harry. Sirius estava ao seu lado, sua presença silenciosa era um pequeno conforto para Severus. Inspirou fundo e falou com suavidade, a voz entrecortada de emoção:

_Não lhe pedirei perdão. O que fiz é imperdoável. Estive cego pelo ódio e pela vingança. Nunca sonhei que eu pudesse amá-lo tanto. Você roubou o que restava do meu coração. E agora eu a perdi para sempre. – Fez uma pausa, enxugando uma lágrima. – Mas juro que nenhum mal lhe acontecerá pelo tempo que eu viver. E não se passará nem um dia sem que eu sinta saudades do seu sorriso. - A voz de Severus se perdeu. Não havia nada que ele pudesse dizer ou fazer. Esse era o único adeus que teria. E queria que ele valesse. Inclinando-se, depositou a mão sobre a de Harry e suavemente beijou o garoto na testa. Uma onda de magia percorreu o quarto. E, então, os olhos de Harry se abriram. Severus arquejou quando os tranquilos olhos verdes se depararam com os seus negros inseguros. Estava muito contente por Harry estar acordado, mas temia que ele ainda estivesse com raiva.

_Olá, madrinha – Harry o cumprimentou, radiante, e seu sorriso iluminou o quarto.

A garganta de Severus se apertou enquanto o corpo era trespassado por emoções. Harry estava acordado. E não o odiava. Mas como? Por que seu beijo funcionou e o de Draco não? E, então, Severus sorriu quando a compreensão a assolou tal qual uma onda. Esteve tão concentrado no amor que partiu seu coração que nunca parou para pensar que existia um amor ainda mais profundo e verdadeiro: o amor de uma mãe por seu filho. E era isso o que Harry se tornou para ele: um filho. Amava-o incondicionalmente, sem dúvidas. Ele o amaria nos dias ruins e nos dias maravilhosos. Quando Harry estivesse perto e quando estivesse distante. Ele o amaria pelo homen que se tornaria e pelo garoto que era agora. Tudo isso, Severus percebeu ao olhar para o imenso sorriso de Harry, era o mais verdadeiro dos amores. Explodindo de felicidade, Severus retribuiu o sorriso.