Colapso emocional e a música

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EU ADORO O DR. HERIKE! Não lembro porque estava tão triste antes. Só porque minha mãe morreu? Espera, foi minha mãe que morreu? Ou foi a mãe dele? Ai meu deus eu não lembro. Mas eu nem ligo. O dia está lindo e... Eu estou tonta. Mas o dia está lindo! O sol brilha e agora eu nem lembro mais porque estava chorando.
Dr. Herike estava dirigindo, indo em direção a sua casa. Ele é numa pessoa tão maravilhosa! Mas está com uma cara triste e elá apertando o botão de cima de sua caneta repetidas vezes, fazendo aquele barulhinho tric tric tric tric (ele sempre faz isso quando está agitado ou nervoso ou mesmo triste ou impaciente).
Sorriu. Do nada sinto uma vontade de rir. Caiu na gargalhada.
Ele olha para mim com um olhar triste e encosta o carro.
Me encara nos olhos com um okhas cheio de compaixão.
- O que houve Dr. Herike? - pergunto tentando parar de rir.
- queria, não se lembra do que aconteceu?
- Alguém morreu né?
Ele tira radios fone de seu bolso e os conecta ao MP3 que ele usa nas minhas seções de terapia.
Ele lá play e Jessie J começa a cantar.
Who you are.
Era a música favorita da minha mãe.

Eu agarro meus cabelos. Paro de rir na hora. Meu momento alegria passa e eu lembro de tudo. Toda a dor volta num turbilhão. Eu me encolho no banco e choro. Sinto a mão de Dr. Herike nas minhas costas, mandando eu ficar calma. Por que ele me fez lembrar?
Eu respiro fundo e me viro para ele.

Uma onda de raiva daquele homem me invade. Sinto lágrimas ainda correrem.
- Qual o seu problema? - Eu grito. - Por que faz isso? Não pode simplesmente me deixar esquecer?
Ele me olha com compaixão.
- Escute a música Annie. Se concentre nela, okay?
Lanço um último olha de raiva para ele e volto minha atenção para fora da janela do carro.

"Don't lose who you are in the blur of the stars
Seeing is deceiving, dreaming is believing
It's okay not to be okay
Sometimes, it's hard to follow your heart
Tears don't mean you're losing
Everybody's bruising
Just be true to who you are"

Lembro como minha mãe a cantava com um sorriso e quando terminava olhava bem no fundo dos meus olhos e dizia: "Querida, quando alguém questionar sua personalidade ou falar mal dela, ignore. Porque você é perfeita do jeito que é"
Sou perfeita do jeito que sou. Louca, bipolar, incompreensível do jeito que sou.
As lágrimas voltam a rolar.

A onda de raiva voltou. Eu agarrei meus cabelos e os puxava. Comecei a gritar. Eu me odiava. Por ser do jeito que eu era. Dr. Herike falou algo, mas eu não ouvi. Arrancava os cabelos e arranhava meus braços. Como eu pude cogitar, mesmo que por minutos, esquece-la?
Sou uma idiota.

"Don't lose who you are in the blur of the stars
Seeing is deceiving, dreaming is believing
It's okay not to be okay
Sometimes, it's hard to follow your heart
Tears don't mean you're losing
Everybody's bruising
There's nothing wrong with who you are"

Esse segundo refrão acaba me acalmando novamente e reduzindo minha explosão de raiva em apenas choro e soluços. A música tem esse poder sobre mim. Sempre teve. Desde muito pequena.
Eu durmo.

Doce InsanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora