Acerto de contas.

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Já estávamos sentados um na frente do outro.

Meu tio nos colocou no seu escritório, sozinhos, para conversamos. Annie me olhava com certo rancor. Eu estava arrependido por ter estourado com ela. Não consegui me controlar, não entendi o que havia acontecido comigo, simplesmente fui no automático e não controlei meus sentimentos.

Seus olhos castanhos não desgrudavam dos meus.

- Entao?

- Então o que Cristopher?

- Achou que fugir seria a melhor opção?

- Achou que socar o espelho seria a melhor opção?

Suspirei.

- Não foi minha intensão ok? Não consegui me controlar.

- Claro que não conseguiu. Você é igual a mim. Como conseguiria? - disse ela enquanto encarava o vácuo.

- Igual a você? Como assim? Não somos iguais exatamente...

- Louco, você é louco como eu. Temos a mesma doença.

Eu a olhei confuso. Não acreditava naquilo que ouvia, porque obviamente Annie era louca e podia estar imaginando coisas naquele momento para poder explicar a minha e a sua reação.

Mas se era isso, porque no fundo algo me convencia de que talvez ela não estivesse delirando?

- Não acredita em mim não?

- Não sou louco.

- É sim.

- Claro que não sou.

- Seu tio me disse.

- Para de mentir Annie. É coisa da tua cabeça!

Senti aquela raiva subir de novo.

- Aceita, vai ser melhor pra todo mundo.

- PARA!

- Acho melhor ele conversar com você, não sou a mais indicada pra esse tipo de conversa. Na verdade não sou a mais indicada pra nada.

Ela se levantou e saiu sem me deixar falar uma única palavra. Fiquei sentado por uns dos minutos até me levantar, exatamente na mesma hora que meu tio entrou no escritório.

- Podemos conversar?

Finalmente alguém que irá esclarecer as coisas.

- Acho que sua metodologia não deu muito certo. Ela só falou besteiras.

Ele me olhou com pena?

- Cris, você andou observando muito pessoas como a Annie certo?

- E o que tem?

- Nunca se identificou com nenhum aspecto dessas pessoas?

- Ah tio qual é, a Annie me jogou a mesma conversa furada.

- Cris, olha. Você sabe que a doença da Annie é raríssima, e existem apenas três casos conhecidos.

- Três?

Primeiro. Eu estava ficando cada vez mais irritado, só não tinha estourado ainda porque era meu tio.

Segundo. Três? Sempre soube que Annie era a única, com excessão de um garoto da Nova Zelândia, mas ele morreu no ano retrasado. Mas agora surgiram mais dois. Assim, magicamente?

- Tio. Que tipo de brincadeirinha sem graça é essa hein?

- Sabe, talvez meu erro tenha sido esperar tempo demais para te contar.

Doce InsanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora