Depois de não conseguir dormir por algumas noites, Gemini levantou um tanto atrasado para trabalhar no turno da manhã na cafeteria. E depois de ter chegado atrasado quase todos os dias da
última semana, recebeu dois avisos, no terceiro iria ser demitido, pois seu chefe era rígido consigo. Não podia se dar ao luxo de ser demitido, como iria sobreviver sem emprego e atolado de contas?
Comeu seu cereal com rapidez, escovou dentes e vestiu seu uniforme, não morava perto e por isso tinha que correr até quase perder seu fôlego. Esbarrava nas pessoas e nem tinha tempo de pedir desculpas, nem viu a hora que esbarrou em um homem alto que segurava um copo de café, pensou em parar e ajudar, mas não podia fazer isso, estava muito atrasado.
Ouviu apenas o homem desferir vários xingamentos em sua direção, não era de seu fetio ser mal-educado com as pessoas, inclusive, Gemini sempre foi um garoto gentil e atencioso, mas sua vida estava fora de controle naquele momento e não poderia ajudar ninguém se não a si mesmo.
Do lado de fora da cafeteria, o garoto viu seu chefe bufar enquanto atendia as mesas, estava fodido mais uma vez, e ainda tinha que regularizar a própria respiração.
- Me perdoe... isso não acontecerá novamente! - Entrou e foi diretamente para trás do balcão, deixou sua mochila em cantinho e foi atender os clientes.
- Uma última chance garoto, da próxima nem pense em entrar por aquela porta, ouviu? - O senhor um pouco já de idade exclamou saindo dali deixando Gemini totalmente desconfortável.
Balançou a cabeça freneticamente em direção do mais velho e começou a atender as mesas, o café estava lotado e com um funcionário a menos, não seria um dia fácil.
Depois de seu turno o garoto resolveu ir ao cemitério visitar o túmulo de sua mãe, queria tornar aquilo um hábito, assim que chegou no cemitério foi até onde sua mãe havia sido enterrada.
- Oi mãe... Olha, trouxe as suas favoritas. - Deixou um buquê de margaridas, que havia comprado a caminho dali, sobre o túmulo e em seguida se sentou.- Estou com tanta saudade... as coisas estão
tão difíceis por aqui, todos dias têm sido tão repetitivos, eu apenas tenho trabalhado e mal estou conseguindo pagar as contas, o que já me tirou várias noites de sono. - Soltou uma risada abafada tentando segurar o choro que insistia em cair.- E como se não fosse o bastante, estou prestes a ser demitido da cafeteria, o que não ajuda muito minha situação.
Suspirou fundo e deixou que as lágrimas escorressem por seu rosto.
- Você faz tanta falta... queria que isso fosse uma brincadeira, de mau gosto, mas ainda sim uma brincadeira... Queria que você estivesse aqui me abraçando e dizendo que tudo vai ficar bem. Eu realmente já não sei mais o que fazer, eu tenho tentado ser forte e fazer o meu melhor, mas tenhome sentido tão impotente. - Respirou fundo tentando aos poucos cessar o choro.- Sabe, o Mark disse para eu ir procurar aquele cara, mas eu não sei se isso é o certo... afinal, ele sumiu, não é? E foi porque ele quis né, ele nos abandonou quando mais precisávamos dele! O que eu faço agora?
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, seu celular despertou anunciando que seu turno extra iria começar. Mordeu o lábio e limpou o rosto.
-Me desculpe, mãe. Preciso ir agora, prometo que virei te visitar logo. Te amo! -Se levantou e seguiu novamente para a cafeteria e se organizou para começar a trabalhar.
Assim que começou seu expediente, percebeu que havia uma mesa mais escondida onde se encontrava um homem mais velho totalmente concentrado em seu computador. Olhou ao redor notando que ninguém havia o atendido ainda, ajeitou seu avental e caminhou em direção ao homem
que mantinha os seus olhos fixados na tela.
- Boa tarde, senhor! O senhor gostaria de já fazer seu pedido? - Deu um pequeno sorriso como forma de educação.
O mais velho a sua frente permaneceu calado sem nem ao menos o olhar.
- Senhor? O senhor já decidiu o que vai pedir? - Aumentou um pouco sua voz para ser ouvido, no entanto continuou sendo ignorado.
Não costumava receber clientes. mal-educados, mas parecia que tudo estava contra si naquele dia, seus nervos estavam a flor da pele e logo seu estresse consumiria seu próprio corpo.
- Aqui vocês costumam invadir a privacidade dos clientes assim?
- Desculpe... o que disse? - Se aproximou um pouco mais do homem.
- Para de ser inconveniente garoto! Não vê que estou ocupado? Se eu quisesse algo eu teria pedido! - O homem aumentou o tom de voz fazendo Gemini dar um passo para trás.
- Mas senhor, você não pode ficar aqui sem consumir nada e apenas usar a nossa internet, tem que pedir algo.
- Eu não te perguntei o que posso ou não posso fazer moleque, se você não percebeu eu estou tentando trabalhar, então cala a boca e me deixa em paz. – O homem voltou sua atenção para a tela, mas ainda era possível de se ouvir seus resmungos.
Naquele momento o sangue de Gemini ferveu, estava tentando manter a calma, mas não deixaria aquele homem falar daquela forma consigo.
-Escuta aqui senhor. - Gemini bateu a mão na mesa trazendo a atenção do mais velho para si. – Caso não tenha notado, eu também estou trabalhando e nem por isso estou te tratando mal, então peço que o senhor me respeite assim como estou lhe respeitando.
Depois de soltar toda sua raiva em palavras, Gemini percebeu que passou um pouco dos limites, respirou fundo e tentou se manter sério para não deixar transparecer que havia errado.
Segundos depois o garoto sente uma mão pesada tocar seu ombro, rezou internamente que não fosse quemele estava pensando, mas é claro que não estava com sorte mais uma vez, assim que virou a cabeça para o lado se deparou com o rosto de um chefe nada contente o puxando para trás.
- Peço desculpas pelo transtorno causado pelo meu funcionário, senhor! Lhe prometo que não acontecerá novamente. Se me der licença, pode ficar à vontade. - O sorriso simpático que havia em seu rosto desapareceu assim que seus olhos encontraram os de Gem, que estava com um semblante de desespero em seu rosto, sabia que era seu fim.O mais novo seguiu seu chefe até os fundos da cafeteria com a cabeça baixa, que se levantou rapidamente quando escutou uma batida forte na porta do estabelecimento, seu chefe estava furioso.
- O que você estava pensando ao falar com um cliente daquela forma, ficou louco? - O mais velho começou andar de um lado para o outro despejando palavras de desaprovação para o rapaz a sua
frente.
- Eu peço desculpas senhor, é que... – Sua fala foi cessada assim que viu uma mão esticada em sua frente.
- Me dê seu avental, você está demitido. - O mais velho ali virou o rosto esperando que lhe entregasse o que foi pedido.
- Mas chef... - Novamente sua fala foi cortada pelo outro.
- Sem mais garoto, eu te avisei que mais um vacilo você estava fora, agora pare de reclamar e me entregue a droga do avental. - Aumentou sua voz ao deferir a última frase, Gemini abaixou sua cabeça e tirou seu avental entregando-o para o mais velho.- Sinto muito rapaz, espero que consiga
outro emprego logo, sei que nao esta passando por um momento fácil, mas infelizmente não posso mais te ajudar.
Dito isso, saiu e deixa um Gem totalmente desolado para trás que apenas se dá
conta do que aconteceu quando escuta a porta ser batida com força o deixando para trás.
[...]
Gemini chegou em casa totalmente desacreditado do que havia acabado de acontecer, seu emprego não era um dos melhores, mas pelo menos ajudava a pagar as contas. Em sua cabeça só se passava
uma coisa: Como iria sobreviver agora? Apenas a sorveteria não seria suficiente nem para as despesas do hospital que sua mãe ficou internada.Naquele momento as palavras que seu amigo lhe ditou caíram sobre seus pensamentos, talvez ele não tivesse outra saída mesmo.
- Não acredito que vou fazer isso, Mark você me paga. - Com esse pensamento se levantou, pegou o notebook descendo para a sorveteria, aproveitou que ainda não estava na hora de abrir e foi pesquisar sobre seu pai para descobrir onde o mais velho havia se enfiado.
Passou a mão no rosto
um tanto estressado pelo dia que acabara de ter, e acabou sentindo uma mão pesar em seu ombro.
- Aí Mark... ótimo que você chegou, não imagina o dia de merda que eu tive, agora você pode me ajudar a procurar ele, sente-se aí! - ouviu os passos da pessoa até a outra cadeira e levantou o olhar
para encarar o amigo.
Seu olhar foi subindo lentamente totalmente despercebido, até que notou que o mesmo estava vestido com um terno de grife preto e gravata seguindo o mesmo tom, que até então só havia visto na TV.
Mark não tinha condições nem de comprar um sorvete em sua loja, quem dirá de ter uma vestimenta como essa, nem mesmo sendo uma falsificada.
- Dia de merda é? - A pessoa a sua frente cruzou os braços e negou com a cabeça com um pequeno sorriso cínico em seus lábios.Após ouvir aquela voz, se tocou então que definitivamente não era seu amigo ali consigo. Tomou coragem e levantou a cabeça, para acabar com o suspense, avistou um homem de estatura mediana
o encarando.Por alguns instantes Gem prendeu a respiração, não poderia ser... ou poderia?
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The Criminal
FanfictionApós perder sua mãe, Gemini fica sem recursos para conseguir dinheiro e pagar as contas. Build chefe de uma das maiores gangues da Tailândia, reconhece as habilidades de Gemini com os computadores e o recruta para trabalhar e os ajudar com os roubo...