carta; sobre ser seu

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não que eu não queira ser seu,
ouvir sua voz no meu ouvido,
ver você, confundir meu sentido,
é difícil, mas eu não quero,
não quero ser de ninguém,
nem seu, nem meu,
não tenho um quem, um alguém,
eu prefiro ser só,
afinal, sem sol não se faz verão,
sou só uma andorinha,
e gosto do frio.
gosto de ser vazio.
vou te deixar sozinha.
talvez, foi tudo em vão.
eu gosto do talvez,
insisto no talvez outra vez.

pode ser que não seja eu,
pode ser que não seja nós,
sem laços ou cordas,
nós;

é indefinido o sujeito,
somos somente predicado
de uma situação gigante
que tem andado,
fiz textos em homenagem
dedicado,
ouço seu nome, tremo em repulsa,
mas não é que eu seja seu,
pelo contrário,
quero tornar o oposto,
quero esquecer seu rosto,
destruir seu busto,
jogar aos arbustos seu esboço,
apagar o toque do seu dorso,
nossas memórias, deixar em fotos
sua presença, deixar de ser fato
mesmo um ano, dois, três
seriam poucos para desfazer
o que minha mente fez,
pensou a frente, imaginou,
um futuro? não, seis.

Odeio Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora