03. Allison

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“ — Allison voltou, ela está viva”

     Malia havia dirigido como um corredor de fórmula um durante todo o caminho, enquanto escutava a conversa de Lydia e Scott; Allison estava viva e respirando no banco de trás da caminhonete vermelha, com a cabeça sobre o colo do Alpha, ela estava viva. Ela havia sido cremada, mas seu corpo inteiro fora reconstruído, e brilhava como se nunca houvesse perdido a vida. A mulher fez uma curva não exatamente gentil, e Lydia tocou em seu braço, tentando acalmar. A coyote não gostava disso, claro que estava feliz por ter Allison viva, elas não se conheciam direito e nunca se falaram de verdade, mas Malia viu como todos ficaram depois da morte dela, como tudo se quebrou; contudo, uma pessoa voltar da vida depois de anos e completamente inteira era assustador até mesmo para ela.

     Os ânimos dentro do carro eram diversos, Scott olhava para a ex-namorada admirado, ela estava inteira em seus braços, de novo.  Ele estava preocupado, é verdade, mas não conseguia pensar em mais nada a não ser que ela estava viva, e estava ali com eles. Lydia por outro lado, tinha lágrimas em seus olhos e mirava Allison com tanta saudades e devoção, que Malia ao seu lado conseguia sentir em seus ossos. Embora todos estivessem preocupados, e com mistos diversos de sentimentos e pensamentos, o corpo adormecido da menina ressuscitada estava calmo, sereno, como se ainda estivesse processando seu ressurgimento ao mundo dos vivos.

       Estacionaram em duas vagas diferentes, com Malia saindo rapidamente do carro e ajudando Scott com o corpo adormecido, eles estavam no Hospital de Beacon Hills, Allison que ressuscitou nua, agora estava coberta por um cobertor que Scott guardava no carro. Lydia em passos rápidos andou na frente, abrindo a porta e deixando Scott passar com a menina em seus braços, não demorou muito para que eles fossem recebidos por Melissa, a mulher olhou surpresa para o corpo de Allison, com o coração completamente batendo na boca.

     — Tragam ela!



      Allison estava deitada sobre a cama hospitalar, vestida com uma camisola azul típica, a cabeça dela doía como nunca havia doído antes, e ela parecia fora de área. Quando abriu os olhos, ela se deparou com o teto branco, girando os olhos castanhos escuros pela sala, viu máquinas e escutou vozes, vozes que seu corpo parecia reconhecer, mas ela não. Levantou-se rapidamente, sentindo dores nos músculos e estalando-os conforme se mexia, olhou para fora da sala e viu um homem, se recordava dele, uma versão mais nova, flashes de memória brilhavam em sua mente, havia sua mãe, havia Kate, e seu pai, e aquele homem, só que menino.

      A menina se ergueu rapidamente, se esgueirando sorrateira para fora do quarto, evitando ser vista por ele. Ela caminhou poucos passos, até entrar em uma sala menor, havia mesas e armários, uma sala onde os médicos faziam pausa. Allison olhou ao redor, e depois para si mesma, suas unhas vermelhas, cabelos pretos, havia um espelho no canto da parede, ela ainda parecia a mesma de sempre, uma menina. Seus olhos se encheram de lágrimas com um sentimento estranho no peito, mas ela respirou fundo. Novamente, Allison foi pega pelas lembranças, as vozes de seus pais, a voz de sua tia, de seu avô. Todos eles falando sobre as criaturas sobrenaturais, sobre serem caçadores. Allison encostou a testa na parede, e respirou fundo, fazendo uma careta de dor. Respirou fundo algumas vezes, e se concentrou apenas nela mesma, ela sabia o que tinha que fazer.

      Vasculhou os armários até achar um aberto e tirou dele uma roupa — felizmente feminina — a vestindo, usando também um boné que estava jogado no fundo do armário. Deixou o quarto segundos depois, olhando para os lados, em passadas rápidas ela estava pronta para virar o corredor, até braços femininos circularem seus ombros.

     — Achei ela! — Malia gritou, mas rapidamente teve seu braço torcido e recebeu uma rasteira, enquanto Allison corria — Mas que porra!

       — Ei, Malia, você está bem?

OLIVIA ─── SCILESOnde histórias criam vida. Descubra agora