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Capítulo 2

— Ele é ótimo, Jamie! Você viu como os olhos brilhavam conforme cantava? Parecia um anjo

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— Ele é ótimo, Jamie! Você viu como os olhos brilhavam conforme cantava? Parecia um anjo.

Mamãe falava incansavelmente sobre Chris enquanto colocava os pratos de porcelana na mesa, estava farta de revirar meus olhos cada vez que seus lábios se abriam para esbanjar como ele era angelical na forma de andar e a educação excelente. A família Sturniolo frequentou a igreja por anos, mas Chris não fazia parte desse combo. Talvez essa seja a única coisa que tenhamos em comum. Sento no lugar de costume, esperando como sempre a oração antes de cortar meu bife que realmente parecia gostoso.

— Estou feliz, acho que agora o coro vai atrair atenção dos jovens, se Delilah ao menos tivesse feito as aulas de violino que prometeu entrar ano passado — papai dá a dica sutilmente, igual sempre fez, segurando minha mão direita antes da oração.

— Eu tentei, pai e você sabe. Eu acho corajoso quem se esforça porque é difícil de tocar, mas os corais estão sempre com essas músicas tristes e não acho que seja pra mim — retruco com sinceridade e os dois me encaram em silêncio, o olhar do julgamento. — Espero que Chris possa trazer um novo público.

— Enfim — mamãe suspira agarrando a mão do meu pai, ignorando minha resposta. — Archie, querido, por que não puxa a oração de hoje?

Meu irmão mais novo Archie era o contrário. Ele adorava frequentar a igreja, o coral, as festas e as orações, parte de mim acredita que ele tenha sofrido uma lavagem cerebral dos meus pais porque nenhuma criança gosta de abraçar estátuas assustadoras de pessoas mortas, mas aquela criança tirava selfies com santos, virgens e deuses cada vez que pisávamos na igreja.

Pai nosso que estais no céu...

Sempre tive medo de orar. Na minha cabeça, era uma afronta ao Diabo e aos espíritos ruins, como se estivessem sempre me acompanhando e prontos para dar o bote assim que começasse a dizer todas as palavras. Era besteira da minha cabeça infantil na época, mas digamos que esse tipo de pensamento acompanha você frequentemente quando os quadros de Jesus Cristo estão em cima da sua mesa de jantar. A refeição ocorre em silêncio, o barulho dos talheres batendo contra o prato e o líquido do suco de abacaxi descendo pela garganta eram os únicos ruídos presentes no cômodo.

— Vou te ajudar com a louça hoje — Archie sorri puxando um banquinho da cozinha, subindo para ficar próximo da minha altura. Arregaço as mangas do meu moletom e o encaro sorrindo de forma confusa.

-— Sério? — ele assente e rio. — Archie, seja uma criança, comemore que não é seu dia de lavar a louça e vai gastar tempo no seu videogame ou algo parecido — digo colocando as luvas de borracha, dando início à lavagem de todas as panelas. — Aconteceu algo? — pergunto.

— Não, é só que... — ele coça a nuca. — Você viu aquele garoto hoje?

— Quem? Chris? — ele assente.

QUEM VAI DIZER TCHAU | CHRIS STURNIOLOOnde histórias criam vida. Descubra agora