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Capítulo 4

Normalmente, aos sábados, mamãe me acorda feliz e sempre faz a salada de frutas que eu gosto, mas nada disso aconteceu

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Normalmente, aos sábados, mamãe me acorda feliz e sempre faz a salada de frutas que eu gosto, mas nada disso aconteceu. Logo que acordei senti a casa vazia, o bilhete grudado na geladeira dizia que eles tinham levado Archie para nadar na piscina comunitária, mesmo que tivéssemos uma piscina no fundo do quintal. Meu celular disparava de barulhos estridentes da notificação, todos de Prie, animada para o show dos Marotos de noite, mas não sinto que devo responder agora. Como sozinha na mesa, não que a solidão me incomodasse grande parte das vezes, mas era bom sentir que não estava sozinha mesmo que tomássemos café e almoçássemos em sem dizer uma só palavra em casa.

— Vai sair hoje?

É a primeira frase que minha mãe pergunta para mim o dia todo. É fim da tarde e a sala de estar está escura, eles assistem Archie jogar videogame na televisão e os olhos não encontram os meus.

— Vou — respondo brevemente, procurando por meu all star na sala. — Prometo não chegar tarde.

— Onde você vai? — é a vez do meu pai perguntar. Tenho medo de dizer sobre os Marotos e eles procurarem na internet, se verem o rosto de Chris irão atrás de mim e me questionar porquê estou saindo com ele ou indo até seu show. Não gosto de mentir, mas não vejo outra razão de conseguir sair sem ter que agir como uma mentirosa.

— Uma festa —  o encaro mas mesmo assim não retribui o olhar. — Uma aluna nova chegou de transferência e resolveu socializar um pouco.

Não recebo mais nada, nem uma confirmação com a cabeça ou um suspiro cansado. Absolutamente nada. Desde que fiquei de detenção e cheguei mais tarde, as coisas estão assim, estremecidas. No meu quarto, termino a maquiagem, sinto que fazem anos desde a última vez que coloquei qualquer coisa no rosto, Aurora gostava de me maquiar, ela tinha um dom pra isso que não sei se me pertence. Faço algo simples, mas não tão discreto, era uma noite que tinha que resultar em alguma coisa mesmo que não estivesse no meu melhor humor. As mensagens de Prie continuam chegando no meu celular, ela estava me esperando na estação de metrô e desço rápido, fico esperando meus pais me falarem "vai com cuidado", como sempre dizem, mas dessa vez não recebi nada.

O vento do lado de fora parece ainda mais intenso, mas não dou importância, minha roupa não tinha sequer uma peça de frio, apenas um vestido com amarra de laço nos ombros e tênis nos pés, não estava blindada do vento então apenas rezei para não ficar doente.

— Estou nervosa, mal dormi noite passada — Prie sorri, percebo que ela quer me abraçar mas não faz isso, apenas abaixa os abraços antes erguidos e abraça a bolsa xadrez por conta do frio. Ela era mesmo bastante estilosa, parecia ter saído de uma revista de moda. — Gostou da minha boina? Acha que Danny vai gostar?

— Você gostou da boina? — pergunto e ela assente. — Então é isso que importa, vamos?

Prie assente, seus fios de cabelo não estão voando tanto quanto os meus porque sua boina vermelha ajuda. Ela tagarela até chegarmos na estação, dizendo que estava preocupada com as matérias e sua ansiedade insaciável do show, me perguntando quais músicas acho que eles vão tocar, repito duas vezes que só conheço uma mas ela parece não me ouvir. Olho ao redor e percebo como tudo está vazio para um sábado à noite, como se todas as pessoas tivessem decidido tirar aquela noite fria para ficar em casa, lembra quando eu disse que Boston conseguia ser muito entediante?

QUEM VAI DIZER TCHAU | CHRIS STURNIOLOOnde histórias criam vida. Descubra agora