Ato II: Presente - Meu passado me condena

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 📍Praia do Arpoador, Rio de Janeiro,

 Acordei nessa manhã com o famoso fogo no cu e tive a brilhante ideia de importunar minha querida Azzy para sair de casa e fazer qualquer coisa que fosse que não envolvesse ficar com a bunda no sofá maratonando uma série que provavelmente já assisti inúmeras vezes (sou uma cinéfila de carteirinha). 

 Ela não estava exatamente no melhor ânimo pra sair, mas não é a toa que sou conhecida por minha insistência e persuasão, e ela acabou cedendo. Optei por um lugar mais tranquilo porque a Isa parecia acabadíssima (linda como sempre, claro, mas claramente um indício de ressaca ali tinha), pra praia mesmo. 

 Coloquei um biquíni e um short jeans e um blusão do Rage Against the Machine por cima e peguei minha motoca vrum vrum, a famigrada Gertrudes e fui buscar a bonita. 

 Mandei uma mensagem pra ela e logo ela surgiu. Linda como sempre. Suspirei e tirei esses pensamentos da minha cabeça. 

 Ela subiu no carona da moto e antes mesmo de falar qualquer coisa pra mim, ela cumprimentou a Gertrudes. Juro, ela é mais querida que eu pelos meus amigos. 

 Chegamos na praia e estacionei ela na puta que pariu, juro, tava LOTADO. Tinha gente brotando de tudo quando é canto, não dava pra respirar direito. Mas até parece que aquilo ia desanimar né? Nos enfiamos na multidão e bora.

 Na faixa de areia mais afastada, estava um pouco menos enfurnado de gente e conseguimos ao menos caminhar. Eu simplesmente amo o sentimento do contato da minha pele nos grãos de areia. Independente de qualquer problema a meu redor, me sinto em paz na praia. Ainda mais com ela do meu lado.

-Isinha, me paga um açaí? - pedi na maior cara de pau

-Eu tenho cara de sugar mommy Beatriz? - respondeu debochada

-Poxa Isabela, você aí, a famosa azzy fazendo mil e um projetos virais e eu uma mera atriz de teatro experimental no sufoco e não quer me pagar um açaí - o drama

Ela revirou os olhos e assentiu. Nos sentamos em uma cadeira de plástico de um quiosque ali perto para comer. Encarei-a de canto e comecei a devanear em voz alta:

-Bizarro né? - ela franziu o cenho - tá aqui... agora. Com dinheiro, roupa que preste, andando de moto, tendo tudo. E pensar que a alguns anos atrás a gente tava dormindo aqui nessa mesma areia, em cima de um papelão velho.

Ela permaneceu calada por alguns segundos, então falou simples:

-Muita coisa mudou.

-Pra melhor. - respondi quase que como uma pergunta.

-Lógico né - falou como se tentasse se convencer. - Eai, como anda o Thiago?

-Para de falar assim.

-Assim como? - continuou provocando

-Como se fosse algo ruim - ela deu de ombros - mas sim, ele tá bem. Nós estamos bem.

-Vocês tao namorando? - perguntou parecendo indiferente

-Não, tamo ficando sério. Mas se pá logo ele me pede.

-É? - questionou não conseguindo disfarçar a curiosidade

-É. - confirmei - Na real amanhã a gente vai num lugar todo fino, aquele que abriu lá na Barra, tá ligada? Tô achando que ele vai vim com papo de oficializar.

-E tu vai aceitar?

-Acho que sim né.

Se eu não a conhecesse bem, diria que vi uma pontada de decepção em seu olhar.

Pra ser sincera, eu não fazia ideia se iria aceitar ou não. Mas queria ver sua reação. Sim, sou idiota, trouxa, iludida e todos os adjetivos pejorativos desse tipo imagináveis, mas eu não consigo evitar. Acredite, não é por falta de tentativa. Olhei-a bem nos olhos, mas aquilo que havia visto se esvaecera. Ou talvez nunca nem sequer estivera lá. Eu estou ficando maluca. Ela está me deixando maluca. Ela.


Entenderam a trouxisse da bia né? Aiai, finge que não é baseado na autora.
Votem e comentem, beijosss




Brabuletas - AzzyOnde histórias criam vida. Descubra agora