Seo Changbin
Senti minha cabeça latejar e minhas mãos suarem enquanto a assistente andava pela casa, anotando tudo em sua prancheta e fazendo algumas perguntas.
- Pretendem se casar quando? - Olhou de Felix para mim antes de voltar anotar.
- No próximo mês. - Sorri para Felix e o puxei para os meus braços.
- Creio que estejam bem adiantados nos preparativos então. Qual o local e a data?
- Vamos nos casar aqui mesmo, tenho um amigo que é juiz de paz e vamos apenas dar uma festa com poucas pessoas e poucas decorações. - Felix sorriu nervoso. - Não é, amor?
- Eles querem que o amor seja o centro das atenções. Parecem ser do estilo antigo, sabe? Casar por amor e não para mostrar. - Meredith que estava acompanhando a assistente comentou, fazendo meu coração se acalmar um pouco.
- Isso é muito bonito. - A assistente comentou um pouco entediada. - A casa é segura, vocês são bem atentos aos detalhes, parecem realmente interessados e Changbin tem um histórico com o orfanato, o que realmente facilita.
- Histórico? - Felix perguntou um pouco confuso.
- O fato de ele ter morado lá até a família Kim o adotar. - A assistente deu de ombros. - Sabe, pessoas que já passaram por um orfanato acabam tendo essa vontade de adotar.
- Sim, claro. - Felix murmurou e eu tentei não suspirar frustrado.
- Bem, eu não tenho nenhum motivo para não aprovar a casa ou a mudança das crianças. Pedirei para a psicóloga conversar com as crianças primeiro, então poderei marcar para vocês também. Período de adaptação exije um colégio e atividades para as crianças, ainda estão em período escolar. Peço que me liguem apenas quando o colégio tiver sido escolhido, eu mesma farei a matrícula, pois detenho os documentos das crianças. Alguma pergunta? Senhores Seo? Meredith?
- Se eu conseguir um colégio amanhã, poderemos buscar as crianças quando?
- Início da semana que vem. Sei que estão em contato com as crianças, então peço que não contem nada a elas ainda. Entendeu, Meredith? - Suspendeu a sobrancelha para a senhora. - Não importa o quanto Minho insista. Vocês sabem que o pequeno alfa é bastante... Agitado, hum?
- Sabemos disso. - Não consegui conter meu sorriso, o que fez seu semblante suavizar.
- Início da semana que vem, senhor Seo.
...
- Então é isso. Não gosto de falar sobre esse período da minha vida. - Dei de ombros.
- Sinto muito, Binnie. Minha vida também não foi muito fácil, perdi meus pais muito cedo. - Felix suspirou e eu entrelacei nossos dedos. - Ainda tenho pesadelos com aquele dia.
- O que aconteceu?
- Nem sempre papai conseguia dinheiro para comprar comida, então tinha dias que não comíamos. Até que esses dias foram se tornando frequentes demais. Tentava não reclamar, mas era impossível não ouvir minha barriga roncar. Papai pegou dinheiro com um velho amigo dele, na esperança de conseguir um emprego e pagar. Mas, bem, se passou muito tempo e a dívida só foi aumentando. O amigo não era tão amigo assim, fez várias ameaças, uma delas era de atear fogo na nossa casa. - Felix suspirou trêmulo e eu senti uma pontada no peito. - Ele cumpriu a ameaça. Ateou fogo pela janela do quarto dos meus pais. Papai pegou fogo na hora, não conseguiu nem ao menos tentar escapar. Mamãe tentou mais ficou presa dentro da casa. Ela me viu do lado de fora e me pediu para correr para longe.
- Você estava do lado de fora?
- Costumava sair de casa todas as noites. Isso que me salvou. - Deu de ombros. - Não foi divertido ver minha mãe presa dentro da casa e não poder ajudar.
- Lix...
- Está tudo bem. Fico emocionado quando lembro disso mas é algo que eu tive que lidar. Era muito pequeno.
- Lix... Como eu posso retribuir você?
- Como assim?
- Lix, me responda como quiser. Como eu posso retribuir você?
- Me retribua com amor. - Murmurou com a cabeça baixa e eu senti meu coração explodir dentro do peito.
- Não é possível que nossas vidas estejam tão entrelaçadas assim. - Funguei, fazendo Felix levantar a cabeça e me encarar sem entender. - Pensei que estivesse morto, amigo. Te esperei todos os dias, olhei pelo buraco na cerca todos os dias, esperando que você voltasse. Quando Minho me levou até sua pequena casa, meu mundo explodiu outra vez. Pensei que tinha pego todos os seus livros mas não... Os da prateleira mais alta estavam intactos, Minho os achou. Minho estava com o seu livro naquele dia. Seu colchão agora está no chão de onde era a sala e Minho traça os dedos pelas capas com todo o carinho. Quando Minho me mostrou aquele buraco na cerca, eu quase disse que não foi ele quem quebrou, foi você com a sua velha bola de futebol. Você quebrou uma parte e eu a outra, para poder escapar para o outro lado quando seus pais não estavam. Minho e Sophia estão lá dentro nesse exato momento, eu tenho certeza. Azul, eu finalmente descobri seu nome.
- E eu o seu, Binnie. - Felix soltou um soluço alto e se agarrou ao meu corpo. - Eu tive muito medo, muito mesmo. Eu não consegui voltar depois, eu não sabia mais onde ficava a casa. Eu só corri. Eu deveria ter passado pela cerca, deveria ter pedido ajuda no orfanato mas eu... Eu não consegui gritar. Eu não consegui p-pensar. Desculpa não ter voltado.
- Tudo aconteceu como tinha que acontecer. Por causa disso você achou Jisung e eu achei Minho e Sophia. - Apertei mais nosso abraço. - Lix... Tem mais.
- Mais? - Me encarou com os olhos vermelhos e inchados.
- Não posso mais esconder de você. Lix, eu sei onde o Jisung está.
- Esconder? Você escondeu? - Tentou se afastar e eu segurei suas mãos.
- Me escute. - Falei pausadamente. - Eu perguntei a Scarlett e a Meredith. Com tudo que falei sobre o orfanato, agora você sabe que elas já me conheciam. Elas não lembravam, eu mudei muito e passei a usar meu nome verdadeiro. Seo é o sobrenome da minha família, eu registrei como meu segundo nome para homenagear minha mãe. Como um menino de orfanato, eu não tinha um sobrenome. Bem... Eu terei que te contar toda a história depois, mas o resumo é que meus pais estão com o Jisung. Minha mãe não morreu, ela adotou Jisung.
- Ele foi adotado... - Seus ombros caíram e ele passou a chorar ainda mais. - Eu perdi ele. Ele foi adotado. Eu não s-sei como me sinto.
- Lix, temos que arranjar um jeito de tirá-lo de lá. - Felix começou a negar com a cabeça, me fazendo ficar confuso.
- Ele tem uma família agora, um teto. Não posso tirar ele de lá. Não posso tirar ele da sua mãe.
- Querido, olhe para mim. - Levantei seu rosto pelo queixo. - Meu padrasto nunca foi bom, ele mentiu que ela tinha morrido. Eu tenho certeza que há algo nessa história, mamãe nunca me abandonaria assim. Meu padrasto sempre foi péssimo, eu não quero Jisung lá com ele.
- Como faremos isso? V-Você vai aparecer para a sua mãe? Vai pedir Jisung? Vai encarar sua família?
- Eu não sei, Lix. Estou esperando a ligação de Scarlett, sobre a visita a do meu padrasto. - Suspirei frustrado. - Eu ainda não sei. Mas algo me diz que Jisung vai voltar para nossa vida. - Sorri pequeno. - Você voltou para a minha.
...
+10 Comentários e eu volto assim que bater :)
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I'll Protect You, Baby | Minsung + Changlix ✔
FanficJisung foi tirado de Felix, o ômega morador de rua que o acolheu ainda bebê, e foi mandado para um orfanato. Minho mora no orfanato desde os três anos de idade e já perdeu todas as esperanças de ser adotado, mas encontra refúgio em seus livros e em...