Quando dei por mim, percebi que agora estava fora da dungeon ao lado de Zyan. Um medo esmagador se apossou de mim ao me deparar com a queda livre iminente. A velocidade era aterrorizante, e eu sentia o vento chicoteando meu rosto com força, enquanto minhas mãos agarravam desesperadamente as roupas de Zyan. Ele retirou rapidamente o artefato do bolso e chamou pelo tapete mágico, mas para nosso desespero, o objeto se soltou de suas mãos, ficando para trás. Eu pensei que era o fim, que cairíamos até a morte certa. Zyan me abraçou com força, e eu fechei os olhos, me preparando para o impacto fatal.
Mas então, num instante de pura adrenalina, senti nossos corpos serem aparados por algo. Abri os olhos devagar, sem acreditar no que via. O tapete havia nos salvado! Suspirei aliviada, enquanto sentia a sensação de flutuar suavemente no ar. Zyan e eu estávamos juntos, abraçados, sentindo a brisa fresca em nossos rostos. Descemos lentamente, pairando sobre a paisagem deslumbrante ao nosso redor. O efeito da aurora boreal misturado às nuvens que se desprendiam da dungeon era de tirar o fôlego. Eu me sentia viva e realizada, com o coração acelerado pela emoção da aventura que havíamos acabado de viver. Ao aterrissarmos, Zyan me ajudou a descer do tapete, que rapidamente se transformou em seu artefato original. Ainda afetados pelo acontecimento anterior, desabamos sobre o gramado, com nossas respirações pesadas e os corações ainda acelerados.
— Não sei ainda vou superar isso.— Zyan falou, sua voz trêmula, enquanto ainda tentava processar o acontecimento que acabara de vivenciar.
Eu me virei para ele, buscando transmitir meu apoio silencioso. Nos voltamos para o céu, absorvendo a magnitude do que tínhamos acabado de experimentar. O silêncio entre nós era reconfortante, permitindo que nossos pensamentos se acalmassem.
De repente, a mão de Zyan encontrou a minha, seus dedos se entrelaçando com os meus. Eu me virei para encará-lo e fui atraída para os seus olhos lilás, magnéticos e intensos.
— Adhara, preciso ser sincero. — ele começou, sua voz carregada de uma intensidade indescritível. — Nunca senti tanto medo como agora.
Eu segurei sua mão com mais firmeza, demonstrando meu apoio e compreensão.
— Eu também senti medo, Zyan. Foi assustador. Mas nós conseguimos.
Zyan olhou profundamente em meus olhos, sua expressão carregada de vulnerabilidade e emoção.
— Você não entendeu completamente... — ele declarou, sua voz ressoando suavemente no ar. — Me refiro ao medo de me perder na escuridão e nunca mais poder contemplá-la.Naquele momento, minha respiração ficou suspensa, e eu fiquei sem reação diante daquelas palavras.— Adhara, você é a estrela brilhante que apareceu iluminando minha noite mais escura. O seu brilho, ele me envolve de uma maneira tão profunda que me sinto incapaz de escapar — Zyan prosseguiu, sua voz repleta de sinceridade e paixão. — E por mais que eu tente resistir a isso, eu..eu não consigo evitar me apaixonar perdidamente por você.
Eu senti meu coração acelerar enquanto ouvia aquela declaração. A verdade é que eu também estava apaixonada por ele. E essa paixão ia além de atração física. Era algo intenso que vinha crescendo a cada instante.
Zyan suspirou suavemente e, sem aviso prévio, estendeu sua mão para tocar meu rosto. Seus dedos traçaram um caminho suave pela minha bochecha, deixando um rastro de eletricidade por onde passavam. Eu sentia o calor de sua proximidade e a intensidade do desejo que emanava dele. Cada carícia despertava uma onda de emoções avassaladoras, como se uma supernova tivesse sido desencadeada dentro de mim, espalhando sensações intensas por todo o meu ser. No entanto, mesmo envolvida naquele turbilhão de emoções intensas, minha mente estava repleta de pensamentos conflitantes. Por um lado, havia o desejo ardente de me entregar àquele momento, de experimentar meu primeiro beijo com alguém tão especial. Mas, ao mesmo tempo, sabia que Zyan não estava sendo completamente sincero comigo, e isso pairava sobre mim como uma nebulosa sombria. Com uma mistura de coragem e incerteza, abri os olhos lentamente, encontrando os de Zyan fixos nos meus. Minha mão, trêmula de emoção, encontrou seu caminho até o peito de Zyan em um gesto delicado que transmitia minha necessidade de afastá-lo por um breve momento. Não era um gesto de rejeição, mas sim um lembrete silencioso de que havia mais do que apenas paixão em jogo.
— Por favor... não fuja de mim — disse ele, com um misto de desespero e súplica em sua voz, enquanto seus olhos buscavam desesperadamente os meus.
A dor que transparecia em seu olhar fez meu coração se apertar. Eu sabia que minha atitude havia o atingido em cheio, mas não podia mais ignorar a verdade que estava diante de nós. Respirei fundo, reunindo coragem para expressar meus sentimentos mais profundos.
— Zyan, é você quem está fugindo de mim — respondi, com a voz embargada pela emoção. — Você se esconde atrás de segredos e barreiras, e isso está nos afastando.
Zyan pareceu perplexo, suas feições carregadas de confusão e descrença diante das minhas palavras. Ele se sentou na grama.
— Por que você insiste tanto nesse assunto? — perguntou ele, lutando para compreender minhas verdadeiras intenções.
— Porque eu me importo com você, Zyan. — eu disse, me sentando ao seu lado — Eu não posso simplesmente dar as costas para essa situação. — continuei, decidida a expressar tudo o que estava entalado em minha garganta. — Eu quero que você seja livre. E sinto que o que está me escondendo pode ser a chave para isso.
Zyan se levantou e se afastou, como se precisasse de espaço para processar tudo o que estava acontecendo.
— Adhara, eu admiro sua determinação, mas não há como você me ajudar. — afirmou com veemência, como se estivesse se protegendo de algo que ele mesmo não compreendia.
Sem me abalar, levantei-me da grama e aproximei dele, meus olhos fixos nos seus, buscando estabelecer uma conexão.
— Talvez, apenas talvez, haja sim uma maneira. Eu tenho esperança, Zyan... Eu não quero perder você — declarei, transmitindo com cada palavra toda a intensidade do sentimento que transbordava em meu coração.
Seus olhos se encheram de uma tristeza profunda, e ele soltou um suspiro pesado.
— Eu já estou perdido há muito tempo. E não há nada que você possa fazer para mudar isso.
Ouvir aquelas palavras foi como uma punhalada em meu peito. Um silêncio tenso se instalou ao nosso redor, ecoando a tristeza que inundava nossos corações. Eu quis confortá-lo, envolvê-lo em um abraço apertado e dizer que ia ficar tudo bem, mas antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, Zyan se afastou, deixando-me sozinha com meus pensamentos tumultuados.
As lágrimas ameaçavam transbordar, mas eu sabia que não poderia desistir. Eu sentia dentro de mim a determinação inabalável de encontrar uma maneira de ajudá-lo, de desvendar o que estava por trás daquela verdade dolorosa, e acima de tudo, mostrar-lhe que ele não estáva sozinho nesta jornada. Ainda havia esperança, por mais tênue que fosse, e eu estava disposta a lutar por ela, por nós.
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A ÂNFORA MÁGICA
FantasíaAdhara Walker é uma jovem de 17 anos que desde muito pequena sonha em se tornar uma astrônoma renomada. E agora que está prestes a ingressar na universidade de astronomia, a jovem está determinada a passar as férias de verão focada nos estudos. Mas...