Ainda

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Era uma vez,

Um garotinho alegre e contente.

Era um menino de ouro, por fazer feliz muita gente,

Por sorrir sempre para um mundo de solidão

Que cada vez mais afundava na tristeza e na escuridão

De cada ser, de cada cidadão.

Esse menino fazia a diferença,

Mesmo sem saber, mudava o mundo com sua crença

De que a felicidade está no caminho, não no fim

Da jornada que é a vida,

Dizendo a todos apenas com um olhar

Para sorrirem sem temer para onde vão mandar

Esse pequeno recado de alegria

Que poderia o mundo colorir

Com cores vibrantes e bonitas, cheias de alegria.

Mas sempre os bons experimentam primeiro a ida

Ao outro mundo formado sem volta, só partida.

Foi triste o fatídico dia

Em que todos testemunharam nos jornais

Que um garotinho havia se transformado em estrelinha

Muito brilhante, mas já sem vida.

Os pais não choraram. Por que chorariam?

O garoto nunca foi deles

O garoto foi da vila,

Sozinho, mas com alegria.

Vivia só e ao mesmo tempo junto

Com muitas pessoas que amavam

Aquele menininho com o sorriso de ouro

Forte e contente...

Tão inocente...

Nunca fora amado

Por pais ou irmãos de verdade

Mas fora cuidado

Por cidadãos de bem, com amor no coração

Talvez dó também

Ou remorso em ver

Um menininho com frio,

Sem comida ou amigos

Sem água ou casa

Sozinho na rua

Na escuridão de uma tempestade

Mas ainda com um sorriso

Por estar feliz em encontrar

Um bichinho de pelúcia no lixo

Por estar feliz em ter

Um brinquedo velho e sujo consigo

Por não saber, os perigos que aguardam

Em cada canto daquele lugar

Em cada canto deste mundo

Tão escuro e só

Tão medonho e horroroso

E mesmo assim...

Ele sorria, sabia?

Eu gostava do menino,

Tinha um grande carinho.

Chorei mares e lagos por ele no dia

Em que vi o que fizeram com meu garotinho.

Ele não era meu ainda

Mas seria

No próximo dia.

Pensei que...

Por perder minha filha, nunca mais sorriria

Mas aquele menininho abandonado me mostrou o contrário.

Pensei no destino, achei que ele tivera me dado uma surpresa,

Um pedacinho de alegria em forma de gente

Porém, me equivoquei.

Não realizei meu sonho,

Não pude ver o sorriso do menino,

Em ver sua nova casinha...

O destino me pregou uma peça

De muito mal gosto.

De novo perdi um filho,

A única diferença

É que não era meu...

ainda.

LMT - 22/05/2022

Pensamentos voadores se tornam poesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora