Enrolados

Bicicletas velhas e confissões românticas.

Yoongi bateu a cabeça contra a mesa algumas vezes, pensando no que tinha acontecido durante o dia. Eram duas horas da manhã e ele ainda não conseguia dormir. Para piorar ainda mais a situação, os cretinos dos seus melhores amigos não paravam de mandar mensagens no grupo. Ele não precisava abrir a porcaria do aplicativo para saber que só iria encontrar memes, risadas e imitações baratas dele gemendo o nome de Taehyung.

Ele sempre achou que escondia muito bem a quedinha – ou melhor dizendo, o penhasco – que sentia pelo melhor amigo e agora percebia que não era um ator assim tão bom. Estava fodido.

O próprio Taehyung não parava de enviar mensagens e de ligar para ele. Até aquele momento ele tinha visualizado cerca de trinta e nove ligações perdidas, além de quase trezentas mensagens não lidas no whatsapp.

O universitário ergueu a cabeça subitamente, sentindo o rosto esquentar em um nível desumano, sentindo-se o verdadeiro Tocha Humana. Ele apenas pegou o celular e desinstalou o whatsapp sem pensar duas vezes, antes de colocar o aparelho celular em modo avião. Em seguida, esfregou o rosto entre as mãos. O dia seguinte seria um verdadeiro inferno dentro da universidade.

Yoongi continuou sentado na cadeira, de frente para o computador, planejando mentalmente uma fuga secreta para o Canadá quando a porta do quarto foi aberta pela mãe.

—Você ainda está estudando, querido?

Sim, estudando as possibilidades de atravessar a fronteira da Coreia do Norte e morar no país até eles esquecerem que eu existo. Ou que eu gemi o nome do Taehyung no meio do sexo.

Em vez de responder isso, ele apenas suspirou frustrado. Na tela do computador, havia um arquivo em pdf aberto.

—Mais ou menos. — respondeu, empurrando a cadeira para trás. — O que foi mãe?

A senhora Min sorriu docemente, entrando no cômodo e fechando a porta atrás de si.

—Eu quero que você conheça uma pessoa muito especial para mim, na quinta-feira.

Yoongi fez uma careta antes de rolar os olhos.

—Mãe... — tentou dizer, porém a senhora Min foi mais rápida.

—Eu me casei, Yoongi.

Aquelas palavras levaram o filho a encará-la seriamente por alguns segundos.

—O que?

—Eu realmente não queria te dar essa notícia assim, mas nós estamos realmente ansiosos para começar a morar juntos. Eu sei que isso é um pouco abrupto e que você tem todos os motivos para ser contra, mas nós dois estamos muito felizes, e...

—Você se casou sem me avisar?!

—Se eu tivesse avisado, você seria contra!

Yoongi coçou a nuca nervosamente antes de tombar a cabeça, apoiando-a no encosto da poltrona giratória.

—Espero que não seja um cara problemático.

—Ele não é problemático. É um homem muito gentil, trabalhador e tem um filho da sua idade.

O filho rolou os olhos.

—Omma, a senhora acha que eu tenho quantos anos para achar que essa informação iria me deixar feliz? Eu com certeza não preciso de um idiota me chamando de hyung ou saeng para cima e para baixo. Eu já tenho seis filhos da puta que chamo de amigos que fazem isso muito bem, é o pacote completo.

—Eu tenho certeza de que você vai gostar muito dele.

Yoongi fungou uma risada debochada e balançou a cabeça afirmativamente.