Enrolados

Os Cavaleiros da Fofoca

Ele respirou fundo, sentado na cadeira dentro da sala de aula, tamborilando os dedos inquietamente sobre a mesa a sua frente. Taehyung não iria sossegar até ele dar uma bela justificativa afinal, os dois se gostavam, teoricamente não havia motivos para eles não ficarem juntos. Se conheciam há anos e um sabia muito bem do que o outro gostava ou desgostava.

A aula do dia era de Estatística, matéria em que ele não conseguia prestar atenção por mais que se esforçasse, pensando seriamente no estranho pedido de namoro que tinha recebido uma hora antes.

Yoongi abriu a mochila e tirou de dentro o envelope carmesim, que tinha recebido há apenas alguns dias atrás pelo correio. Poderia ter sido um e-mail. Uma ligação ou até mesmo uma mensagem na porra do whatsapp, mas não, a instituição tinha que enviar a porcaria de uma carta. Quem diabos ainda usava o correio?! Felizmente, ele conseguiu pegar a carta antes que sua mãe descobrisse, do contrário seria um problema a mais para ele se preocupar.

Se já seria difícil explicar sua decisão para a sua mãe, para Taehyung que tinha finalmente deixado de ser frouxo e admitido que gostava dele, seria mil vezes pior. Yoongi vociferou, esfregando o rosto entre as mãos.

Aquela carta sem sombra de dúvidas era um motivo concreto para que eles não namorassem.

Ele suspirou fundo, mordendo a boca. Obviamente ele não tinha contado sobre aquela carta, ou sobre sua decisão de meses antes para nenhum dos seus melhores amigos. Eles não iriam entender. Se sentiriam traídos. Yoongi olhou demoradamente para o envelope carmesim a sua frente, refletindo sobre as implicações que aquela decisão traria para sua vida. Perderia o possível namorado e seus melhores amigos iriam infernizá-lo durante todo o período que estivesse fora, além disso, havia uma probabilidade de pelo menos 97% de sua mãe infernizá-lo para não ir.

Yoongi suspirou fundo e meneou a cabeça, voltando a guardar o envelope carmesim dentro do livro de análise de estatística e então fechou a mochila, a colocando no chão novamente. Bela hora para você se declarar, Taehyung!

Esfregando o rosto entre as mãos, ele decidiu que não iria mais pensar naquele assunto ou provavelmente iria surtar de tanta paranoia. Além do mais, ele não fazia a mínima ideia de que iriam aceitar o seu currículo profissional. Era extremamente básico, típico de quem tinha uma vida tão entediante quanto a que ele levava.

Ajeitou-se novamente na cadeira. Fugir de bicicleta não era uma opção, já que aparentemente Taehyung não se importava com o risco de os dois caírem ou sofrerem um acidente fatal, e ele desconfiava internamente que os outros queridos ajudassem o Kim a arrastar a bike e impedi-lo de sair do lugar, então... seria obrigado a ter aquela conversinha.

(...)

Taehyung deixou a sala alguns minutos antes de o sinal do intervalo tocar, para poder ajeitar os cabelos em frente ao espelho do banheiro masculino e passar um pouco de perfume, se tudo ocorresse como planejado, ele iria levar Yoongi para o telhado da universidade, que quase ninguém tinha acesso. Ele e os outros tinham descoberto a entrada secreta há alguns meses atrás, e agora finalmente iria dar o uso apropriado para o local.

—Por que você me chamou com urgência no banheiro, Tata? — Namjoon perguntou desconfiado.

Taehyung sorriu e se virou para encará-lo.

—Eu preciso de camisinha.

O outro Kim meneou a cabeça repreensivamente e então franziu o cenho.

—E você teve a brilhante ideia de pedir pra mim? Cara, sabe há quanto tempo eu não transo?