Capítulo 05

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Manuela 🌹

— O que foi que aconteceu aqui? — Julia pergunta, assustada talvez?

— Esse cara é um porre. — Murmuro e me viro para a garota.

— Você desafiou o Terror, amiga o Terror, você tem noção que ele mata sem um pingo de dó? — Julia se aproxima de mim assustada, mas começa a relaxar quando seguro suas mãos.

— Enfrentei meu marido que poderia ter me matada a anos, enfrentar um traficante não foi nada, principalmente que estou de sangue quente. Aí Juh, desculpa por essa discussão na sua casa, eu preciso resolver minha vida logo e sair daqui, preciso te dar paz. — Digo a morena que arqueia a sobrancelha e ri.

— Você me incomodando? Manuela, pelo amor né? Eu vivo aqui praticamente sozinha, a não ser quando os meninos vêm aqui. As garotas do morro são tudo piranhas de esquina, a única que se salva é a Liv. — Ela me explica.

— Quem é Liv?

— Livia, mais conhecida por Liv, irmã do Terror, a única que não sai dando para todos os meninos do morro.

Me sento no sofá da sala e Julia senta ao meu lado, suspiro cansada e deixo meus pensamentos tomarem conta de mim, quero fazer tantas coisas, voltar a faculdade, trabalhar, ter minha casa, voltar a ter uma vida normal, viver de novo, eu preciso recomeçar.

— Eu sei que você gosta de companhia, mas eu quero recomeçar amiga e acho que já sei por onde recomeçar a minha vida, começar com uma nova Manuela. — Sorrio para Juh que me observe sem entender.

— Eu não tô entendendo, Manu. Onde quer chegar?

— Vamos ao baile, eu preciso viver, preciso lembrar como é ser aquela Manuela solteira, eu quero recomeçar e nada melhor que uma festa pra revolucionar. — Sorrio para ele que me olha surpresa e depois sorri já pulando em meu colo.

— Cara você é foda demais, eu te amo garota. — Julia ri alto e me abraça. — Você vai recomeçar da forma mais linda e estilosa possível. Manuela 2.0

[...]

O dia passou correndo, durante a manhã e tarde fiquei arrumando a casa com Julia, organizando algumas coisas do meu quarto e pesquisando alguns empregos também, por que não posso bancar a minha burguesa sem trabalhar. À tarde, Branco e Th vieram almoçar aqui, Terror nem deu às caras, acabei pegando intimidade com os meninos e conversamos bastantes assuntos banais. No fim do almoço limpei tudo com Juh e ficamos conversando sobre a proposta que fiz a Terror, mas não tiro da cabeça seu olhar frio, ele me lembra alguém, alguém muito especial, quando estou vendo-o sinto que o conheço a muito mais tempo do que imagino. Deixo esses pensamentos de lado e observo a favela pela varando do quarto, vejo várias motos subindo e descendo, troca de turno dos vapores, carregamentos de bebidas chegando, as garotas descendo com os shorts no útero rebolando quase a ponto de quebrar a coluna. Rio com isso e volta a observar a paisagem, que saudades dessa favela.

— Manu? — Ouço Julia me chamar. — Já tá pronta? — A porta abre revelando a garota com um roupão roxo no corpo.

— Não, nem entrei no banho ainda. — Rio baixinho e olho a hora em meu celular, já passa das sete da noite.

— Credo Manuela, deixa de ser porca, banho, agora. — Juh ordena apontando pro banheiro.

— Eu não quero mãe! — Faço birra e Juh ri de mim.

— Banho porquinha ou vai ficar trancada em casa. — Ela continua a apontar pro banheiro.

— Já tô indo mãe. — Rio alto.

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