18/05/2023 - Bangkok, Tailândia
Som de passos, assobio irritante.
Khaotung tira os olhos do computador e segura a cabeça com a palma da mão, já prevendo a chegada do idiota do financiador da sua pesquisa.
O maldito abre a porta e entra como se a sala fosse dele.
"Khaotung. Como vai?"
"Bem." Ele tenta um sorriso mas não consegue manter. "Um pouco ocupado." Olha para a pilha de papéis na sua mesa e espera que ele pegue a dica.
Em dois segundos ele está ao seu lado, se inclinando em frente á tela do seu computador, impregnando o ar com o seu perfume enjoativo.
James deve tomar banho com aquilo antes de vir trabalhar. Se Khaotung fosse amigo dele avisaria que a fragrância é ruim e faz ele ter vontade de tapar o nariz, mas não é.
Khaotung suspira. É claro que ele não entende indiretas, o cara é uma porta. Ele tem sorte de ser bonito porque é a única coisa minimamente agradável sobre ele.
"Algum avanço?" ele pergunta, mais próximo do que o necessário. Khaotung sente o peso dos olhos dele em si por alguns segundos e olha de volta. Isso faz James endireitar a postura e dar um passo para trás. "Você sabe, seu tempo está acabando. Eu preciso de resultados ou vou ter que cortar os recursos."
Khaotung fecha os olhos por um segundo, se segurando para não falar alguma besteira.
"Esse tipo de coisa não se faz de um dia para o outro" diz pelo que parece ser a milésima vez só naquele mês.
James ajusta sua gravata. "Não de um dia para o outro. Mas eu acredito que três anos tenha sido mais do que o suficiente."
Se ele soubesse o mínimo do que estava falando, não diria isso.
Khaotung respira fundo, juntando toda a sua força de vontade. Se levanta com um sorriso estrategicamente planejado.
"Esse é o futuro, James. Aprendizado de máquina" Khaotung diz. "Eu sei que um cara inteligente como você vê essa oportunidade também. Eu só preciso de mais algum tempo."
Parece que James está tentando parecer maior, com o peito estufado e o queixo erguido. Khaotung quase ri.
Esse tipo é o pior. Caras que pensam que assustam com o seu tamanho. Khaotung nunca abaixou a cabeça para nenhum deles e não ia ser agora que aconteceria.
"O máximo que eu consigo são dois meses." Ele mexe na gravata de novo. "Eu também estou sendo pressionado" diz. "Da o seu jeito. Pede ajuda para um dos outros professores, eu aposto que eles querem colaborar com você."
Fora de cogitação. A pesquisa é sua. Khaotung não precisa de ninguém e também não é muito fã de dividir créditos.
"Dois meses é muito pouco." Ele se aproxima, fazendo James dar mais um passo para trás. "Isso seria impossível."
Da pra escutar ele engolindo em seco. "É tudo o que você tem."
Na maioria das vezes Khaotung conseguia persuadi-lo com um charme que ele tinha aperfeiçoado ao longo dos anos para lidar com pessoas como ele.
Uma boa postura, um sorriso cativante, tom de voz suave mas com a medida certa de confiança. Não é como se Khaotung estivesse flertando com ele, mesmo que James quisesse que fosse, é só uma maneira de agir que torna as pessoas mais propensas a concordarem com ele. Políticos fazem isso o tempo todo.
Mas dessa vez é diferente. James parece decidido a não ceder.
Khaotung tenta pensar em algo inteligente para dizer enquanto observa os traços típicos da ascendência europeia dele. Mas procurar por inteligência naquele rosto é como tentar achar uma agulha no palheiro.
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When I Kissed The Teacher
RomanceFirst não imagina que beijar seu professor de matemática no meio da sala seja uma boa ideia. Principalmente professor Khaotung, que parece odiar todo mundo daquela escola. Mas por suas próprias razões, acaba fazendo de qualquer maneira. Cinco anos d...