Duas forças poderosas agem sobre Khaotung agora. Uma é curiosa e quer se aproximar e a outra é um alarme de se afaste enquanto você pode. Elas são iguais em intensidade. Mas só uma é a certa.
No meio delas, Khaotung vive o caos mental e emocional. Seria tão fácil. Tão, tão, fácil. E seria tão bom. No meio da bagunça, seus olhos o traem. E só de olhar para aquela boca Khaotung tem a sensação fantasma de como seria beijar ele.
Faria Khaotung ficar maluco, ele tem certeza.
"Você..." Khaotung começa. Sua voz é um mero sussuro. Seu dedão desliza sobre a mandíbula dele, querendo conhecer a pele como se fosse sua. First não se mexe, mas seu olhar não deixa o seu um minuto sequer.
Ele tem um campo magnético e Khaotung está sendo arrastado para ele.
First é insanamente bonito. É engraçado, inteligente. E honestamente, é a única pessoa que Khaotung não se importaria de ver todos os dias da sua vida (prefere não pensar no que isso significa). Mas ele também é o garoto que ouvia The 1975 enquanto Khaotung levava ele para casa. Naquele mesmo carro.
O garoto que não conseguia ficar quieto na detenção. Que o cumprimentava com o sinal do Spock e que ainda vivia sob a proteção dos pais. Porra, como Khaotung conseguiria olhar para a cara do pai dele? Começa a lembrar do dia da formatura, apertando a mão do homem. Khaotung sempre seria o professor de matemática do filho dele.
Pior seria com a mãe. Khaotung se lembra de como ela o protegia com unhas e dentes. Com certeza ela assumiria que alguma coisa acontecia naquele tempo. Ela viu eles juntos naquele banco no dia da formatura, porque Khaotung passou por ela quando estava indo embora. O olhar naquele rosto austero dizia: Eu não confio em você, e estou feliz de que ele esteja indo embora daqui. Ceder a isso agora seria dar mais um motivo para ela acreditar que estava certa.
Por último, tinha Kan. Seria... estranho, no mínimo. Mesmo que agora Louis exista, e Khaotung tenha plena ciência de que Kan coloca ele num pedestal e não tem olhos para mais ninguém desde que o conheceu, ainda seria estranho.
Meu Astrofísico Favorito. Foi como ficou salvo o contato de First no celular de Kan por muito tempo. Enquanto Khaotung tentava orientar ele sobre possíveis cursos para seguir e as faculdades que podiam o aceitar, ele parava de prestar atenção toda vez que chegava uma mensagem dele. Eles nunca tiveram uma conversa aberta sobre isso, mas Khaotung sabe o quão importante First foi na vida do amigo.
Além de que isso quebraria o código de ética de não se envolver com alunos ou ex-alunos. E a regra de nunca misturar amizade com algo a mais. Quebrava tantas regras que a cabeça de Khaotung começa a doer.
Ele sabe o que é o certo a se fazer. Não que seja um moralista, mas Khaotung tenta ser decente na maior parte das vezes.
Essa não era uma preocupação tão grande aos vinte e três, mas é aos vinte e oito. Khaotung tenta ser um bom homem, porque tem pessoas que precisam dele. Sua mãe está envelhecendo e ele precisa cuidar dela. Sua irmã ás vezes fica sobrecarregada e precisa de uma mão. Seu sobrinho precisa de um bom exemplo masculino para não acabar odiando quase todos os homens, como Khaotung odeia. Kan e Louis precisam dele porque ás vezes eles não têm juízo.
E First... First precisa de Khaotung para garantir que a vida dele seja tão incrível quanto ele merece que ela seja. Que o conto de fadas que ele vive nunca termine.
Afasta sua mão, sentindo o calor da pele dele ficar para trás. A culpa de quase ter cometido um pecado vem com a sensação de um soco no estômago.
"Não consigo fazer isso" diz. O olhar confuso dele é outro soco, mas dessa vez no seu peito. "Vamos pra dentro. Está tarde e você deve estar cansado."
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When I Kissed The Teacher
RomanceFirst não imagina que beijar seu professor de matemática no meio da sala seja uma boa ideia. Principalmente professor Khaotung, que parece odiar todo mundo daquela escola. Mas por suas próprias razões, acaba fazendo de qualquer maneira. Cinco anos d...