Capítulo 4

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Assim que as aulas do dia acabaram, eu passei no CALET para dar um "tchauzinho" geral para o meu grupo.
- Oi povo, aí Pedro e Letícia passaram por aqui? - Perguntei assim que abri a porta e não encontrei eles.
- Fala ruiva, então eles passaram aqui, mas já foram. - Flávio respondeu, era um loiro de cabelo encaracolado e meio bagunçado, passava um ar meio de surfista pela pele queimada de sol, tinha um piercing no canto do lábio inferior e os olhos mais escuros que eu já tinha visto.
- Ah sim, valeu Flavinho. Tchau galerinha da letras! - Falei já saindo.
- E da bio! Não esquece que eu sou só chaveirinho de vocês! - Pude ouvir a voz de Isabel ao fundo, enquanto fechava a porta.
Isabel era um amor de pessoa e literalmente um chaveirinho, pois não passava de 1,50 de altura, a pele queimada de sol, algumas sardas no rosto e uma cabeleira cacheada negra e volumosa. Todos a amavam sem exceção.

Comecei a caminhar pelos corredores daquela faculdade enorme e digitar no celular no grupo que tenho com meus amigos.

Fofocas, veneno e afins 🍷

Eu: Onde é que vcs estão?

: Eu tô no bar

Let: Tô em casa já...

Eu: E CÊS ESQUECEM DE MIM ASSIM?!

: Ruiva, rlx

: Eu tô no bar aqui da facul.

Let: HUM, SEUS SAFADOS!

Eu: IIIIH TIRA O CROPPED E PARA DE
REAGIR LETÍCIA! 🙄

Pê: Se bem que n seria má ideia n...

Let: Ela não quer, ela agr tem o Eros.

Eu: CALA A BOCA LETÍCIA, CREDO!

Let: EU SEI QUE VC QUER!

Eu: 🖕🏻

Saí do chat com o meu trio e fiquei matutando se iria ou não para o bar, era o primeiro dia de aula do semestre e apesar da minha "marra" também preciso manter a compostura de boa aluna que sou...mas quer saber? Dane-se! Um dia só não vai me fazer mal.

Tinha acabado de avisar a Violeta que iria chegar tarde em casa hoje porque iria para o bar quando dou de cara com um jaleco muito branco.
- Garota! Quem você pensa que é para andar distraída por aí? - Um cara que aparentava não ser muito mais velho que eu, falou esfregando a parte onde meu batom marcou seu jaleco.
- Ah, você com certeza já ouviu falar de mim, toda essa faculdade ouviu... - Falei serena me aproximando lentamente do rapaz na minha frente, que a essa altura me encarava como se eu fosse louca.
- Então saiba de uma coisa, meu querido. Quem VOCÊ pensa que é pra falar comigo nesse tom? - Falei erguendo o queixo na altura do rosto dele e cruzando os braços.
- Ah, eu sei quem você é! A ruiva da letras certo? Falam bastante de você, na medicina principalmente. - O jovem de olhos verdes e cabelos negros bagunçados disse e seus olhos já não encaravam mais os meus, mas fez uma análise minha de baixo pra cima e parou em meus lábios pintados de vermelho. Eu só pude revirar os olhos diante daquilo.
- Para sua surpresa, ou não, também sei quem você é, Luka. - Falei inclinando a cabeça para o lado e abrindo um sorrisinho irônico.

Luka se aproximava lentamente e segurou meu rosto com uma das mãos, enquanto a outra me puxou rapidamente pela cintura, franzi o cenho porque ainda estava confusa com a mudança e invasão repentina do meu espaço pessoal.
- Ora, ora, ora! Parece que temos uma tensão sexual aqui, não é mesmo? - Uma voz que se tornou familiar pra mim naquele dia falou. E quando me virei para olhá-lo, ele estava ali recostado em uma parede com os braços cruzados e um palito de dentes brincando em seus lábios.
- Eros? O que quer? - Luka falou sem soltar a minha cintura, mas afrouxou o aperto.
- Eu não quero nada, mas acho que a moça não estava muito confortável com você tocando nela, aliás... - Eros falou se endireitando e caminhando até Luka. - Por que as suas mãos ainda estão nela? - Ele pergunta erguendo as sobrancelhas e pude perceber que cerrou os punhos com os braços ainda cruzados.
- Porque eu ainda não tive tempo de me defender. - Respondi e logo em seguida pisei no pé do moreno à minha frente e dei uma joelhada no saco dele.
- Ai! Filha da mãe! - Ele falou com as mãos agora nas partes íntimas enquanto urrava de dor.
- Você achou mesmo que eu ia deixar você me beijar? Garoto, eu sei o que falam de você, agradeça por eu não botar mais uma denúncia de assédio contra você na ouvidoria. - Falei e virei as costas me distanciando do aspirante a médico.
- Mandou bem, ruivinha. - Eros falou ao meu lado.
- Olha se você não entendeu, eu não gosto de você, então por favor suma do meu campo de visão! - Respondi já sem paciência.
- Mas eu gosto de você. - Ele respondeu dando de ombros.
- Então você está condenado à um amor platônico. - Falei com um tom de sarcasmo na voz.
- Ih, que síndrome de exclusividade é essa que você tem? - Ele responde rindo.
Parei de andar de repente, deixando Eros confuso, me aproximei lentamente dele, ergui o rosto em sua direção apoiando os braços em volta de seu pescoço, ficando na ponta dos pés e o encarando com os lábios semi abertos a poucos milímetros dos seus.
- O que está fazendo? - Ele perguntou e enquanto falava seus lábios roçaram nos meus. Pude perceber que ele estremeceu um pouco e estava tenso com a mudança repentina.
- Você não me engana e eu acabei de comprovar que estou certa. - Sussurrei em seu ouvido me afastando, mas ele me puxa pela cintura de volta.
- Certa sobre o que exatamente? - Ele questiona
- Sua paixão platônica por mim. - Respondi serena mas com os braços cruzados.
- Nós estamos mais para um enemies to lovers, só por sua parte mesmo, porque eu não tenho a menor intenção de ser seu inimigo, mas te irritar é bom pra passar o tempo.
- Nos seus delírios né? - Falei emburrada e tentando me desvencilhar dele, mas falhando, ele era como um polvo me envolvendo em seus tentáculos.
- Veremos... - Ele respondeu e finalmente me soltou, pois começou a perceber que eu estava ficando desesperada demais pra sair do seu abraço.
- Ia para algum lugar? - Eros perguntou voltando para a sua pose costumeira.
- Vou pro bar. - Respondi voltando a andar.
- Ótimo, vou com você. Pedro me chamou. - Eros disse me acompanhando.
- O que? - Falei um tanto surpresa.
- É, sabe seu amiguinho? Também é meu amiguinho e amiguinho da faculdade inteira. - Ele disse apoiando o braço em meus ombros.
Eu vou matar aquele traíra em forma de João Frango versão humana.

A vida REAL de uma UniversitáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora