02 - DESESPERANÇA

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Eduarda pegou o celular pela décima, ou seria vigésima?, vez e apertou o botão de discagem rápida para ligar para Fabiano

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Eduarda pegou o celular pela décima, ou seria vigésima?, vez e apertou o botão de discagem rápida para ligar para Fabiano.

Sua chamada está sendo encaminhada....

Bufou ao ouvir a gravação novamente e jogou o aparelho no sofá. Respirou fundo, contando até três e depois soltou o ar, tentando se acalmar, enquanto sentia a dor piorar.

Não sabia o que fazer. Moravam em um lugar isolado. Seus vizinhos mais próximo viviam há cerca de sete quilômetros de distância. Longe demais para ir a pé naquelas condições, já que o carro estava com Fabiano. Não conhecia ninguém ali a quem pudesse ligar e pedir ajuda. Pensou em chamar o Corpo de Bombeiros, mas e se fosse alarme falso? Morreria de vergonha e ainda levaria uma reprimenda enorme de Fabiano, que a chamaria de alarmista e exagerada.

— Ahhh — gemeu alto, sentindo a contração piorar. Tentou se concentrar na contagem, mas perdeu as contas enquanto a cabeça girava com tantos pensamentos confusos.

Segurando as costas de uma cadeira com força durante o pico da dor, foi relaxando à medida que a contração diminuía.

— Você não pode estar chegando, solzinho. Ainda faltam algumas semanas — murmurou, parecendo implorar para o bebê. — Por favor, fique aí.

Quando estava se sentindo um pouco mais no controle, caminhou devagar até a cozinha para tomar um copo de água. Sentia os cabelos molhados de suor pelo esforço que vinha fazendo durante a última hora.

Olhou para o relógio. Meia noite e trinta e sete. Onde Fabiano se meteu?

Voltou para a sala, andando devagar, sentindo a contração se formar novamente. Estava prestes a se sentar no sofá, quando o líquido escorreu de repente. Eduarda arregalou os olhos, abriu os lábios em um grito mudo e sentiu o corpo inteiro tremer.

A bolsa estourou.

— Ah, não. Ah, não. Não, não, não — murmurou, repetidamente, sentindo o pânico invadi-la.

Pegou o celular e, dessa vez, não tentou o telefone de Fabiano. Ligou para onde sabia que a atenderiam imediatamente. Não tinha mais tempo a perder, se não quisesse ter sua filha em casa, sozinha.

— Alô, é da emergência? Estou tendo um bebê.

***

O dia já estava claro quando abriu os olhos. Podia ver os raios do sol forte através das cortinas brancas que estavam fechadas, mas que balançavam com a leve brisa que vinha de fora. O quarto era simples. Na verdade, se corrigiu ao olhar ao redor, era uma enfermaria com quatro leitos, mas apenas dois estavam ocupados. O seu e o de uma mulher, no canto oposto. A mulher de cabelos escuros, parecia ter trinta e poucos anos e estava com os olhos fechados, com aparência cansada.

Será que estou abatida assim também?

Olhou com mais atenção para o canto dela da enfermaria e percebeu que ao lado da cama, havia vários balões de gás amarrados na mesa de cabeceira. Um enorme urso de pelúcia estava apoiado na cadeira, arranjos de flores estavam organizados sobre um pequeno armário baixo e a aliança fina dourada reluzia com a luz do dia.

Quando setembro acabarOnde histórias criam vida. Descubra agora