03 - DURAS VERDADES

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O telefone mal tocou, e a ligação foi atendida

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O telefone mal tocou, e a ligação foi atendida.

— Como está a garota mais incrível do mundo?

Eduarda sentiu os olhos marejarem. Sorriu e fungou, emocionada por ouvir a voz repleta de amor e carinho.

— Ah, Benja... — sussurrou, mas não conseguiu completar a frase.

— Irmãzinha, o que houve? Você está bem? Está sentindo alguma coisa? Onde está o Fabiano? Ele já te levou no médico?

A torrente de perguntas que saíram atropeladas dos lábios de Benja fez Eduarda sorrir por entre lágrimas.

— Está tudo bem — ela disse, fungando e enxugando as lágrimas. — Estou no hospital. Ela nasceu.

— Nasceu? Eu já sou tio? — Benja soltou um grito alto do outro lado da linha e Eduarda riu. Ele era assim. Alegre, doce e com um coração enorme. — Espera. Mas não é muito cedo?

— Sim, você já é tio e sim, é cedo. Mas ela está bem. Nasceu um pouco pequena, vai precisar ficar uns dias na UTI neonatal, mas tudo indica que vai ficar tudo bem.

— Qual é o nome dela? Manda uma foto para mim!

Ela riu.

— Ela nasceu na madrugada e acabei de sair da UTI neonatal. Esqueci de levar o celular, mas eu tiro mais tarde, se a enfermeira me permitir entrar com ele. Ainda não me decidi quanto ao nome...

— Mas o Fabiano não tirou fotos do parto? — Benja perguntou, desconfiado. — Quanto tempo vocês vão deixar a minha sobrinha sem nome? — questionou, cheio de orgulho ao pronunciar sobrinha.

Eduarda engoliu em seco e suspirou.

— Foi um parto de emergência. A bolsa estourou quando o Fabiano estava fora e...

— Fora? — ele a interrompeu. — Onde ele estava se o parto foi na madrugada? — O tom de voz do seu irmão era sério. — Eduarda, o que é que está acontecendo aí?

Ela umedeceu os lábios, criou coragem e falou:

— Não sei onde ele estava. A bolsa estourou era mais de meia noite, mas ele ainda não tinha chegado. Liguei várias vezes para o celular, quando as contrações começaram, mas estava indo direto para a caixa postal. Quando... quando a bolsa estourou, liguei para a emergência e uma ambulância foi me buscar em casa. — Ela era a imagem da derrota, com os ombros caídos, a cabeça baixa e um brilho de tristeza nos olhos. — Não escolhi o nome, porque eu queria discutir sobre isso com ele... ele é o pai. O nome de uma criança é algo muito importante para ser decidido só por um.

Benja respirou fundo, fechou os olhos e soltou o ar com força. A cada vez que falava com a irmã, odiava Fabiano um pouco mais.

— Vou comprar a passagem. Estou indo para aí.

Quando setembro acabarOnde histórias criam vida. Descubra agora