Hospital

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Lembro-me de abrir os olhos e ver um teto branco sobre mim.

Demorou alguns segundos para que minhas memórias do que havia acontecido voltassem e não as recebi bem.

Sentei desesperada na cama, arrancando fios e o soro aos tropeços e me segurando na cama.

Estava em um hospital.

Me esforcei para caminhar, mas minhas pernas pareciam não querer obedecer, já que no primeiro passo que dei, caí no chão levando a mesa de acompanhante junto com o que tinha em cima dela.

Ouço barulhos de passos e a porta é escancarada.

- Beatrice! - Gritei olhando para quem havia entrado.- Beatrice, cadê ela?!

Olho para a porta e vejo minha tia vindo até mim com um olhar desesperado.

Suas mãos tremendo me seguram pelos braços e ela tenta me acalmar e me levantar do chão.

- Querida, por favor, volte para a cama. Você acabou de acordar e...

- Tia, Beatrice... Onde ela está? - Ignorei tudo o que ela dizia.

Ouço passos mais pesados e vejo John se aproximar com o olhar preocupado. Não o via assim faz tempo. Ele se abaixou me segurando pelos braços.

- Alexandra você precisa se deitar, seu corpo ainda está se recuperando. - Ele me coloca de volta na cama e dá um passo para trás.

- Tio, minha irmã... Cadê ela? - Repeti, o fato de que nenhum dos dois me respondia estava me deixando mais nervosa.

Tia Grace vira o rosto, mas ainda assim vejo seu queixo tremer.

Sinto meu coração acelerar, me desfocando da realidade.

Sei que meu tio está tentando falar comigo já que o vejo gesticular, mas não consigo ouvir.

Minha mente está na minha irmã, eu ainda a vejo na minha frente, seu cabelo castanho trançado em um coque, a farda recém adquirida está impecável, seus olhos azuis brilhando tanto quanto seu sorriso para mim.

Uma mão em meu ombro me desperta do devaneio e volto a focar nos que estão à minha frente.

Os olhos de John estão doloridos, enquanto ele olha para mim.

- Alex, você precisa descansar enquanto pode. Coronel Shepherd est-

- Eu não ligo para esse filho da puta, eu quero ver a minha irmã. - Rosnei com lágrimas nos olhos.

Vejo meu tio suspirar e fechar os olhos por um momento.

- Alexandra, modos. Eu entendo o que você está passando, mas isso não te dá o direi-

- Desculpe, capitão. Quer que eu bata continência nesse momento também? - Resmunguei olhando-o.

Minha tia vendo a tensão que estava se instalando, tocou nos ombros de John e sorriu fracamente.

- Querido, por quê não vai lá fora esfriar a cabeça? Deixe que eu cuido dela. - Ela lhe deu um beijo na bochecha um pouco acima da barba.

Ele concordou com a cabeça e virou seus olhos para mim.

- Eu sinto muito, Alex.

Com essas palavras ele sai do quarto e fecha a porta atrás de si.

Minha tia se senta ao meu lado na cama, atraindo minha atenção.

Vejo-a apertar suas mãos nervosamente enquanto busca as palavras certas.

Eu sabia o que viria. Já tinha passado por isso, por esse ambiente e essa mesma notícia.

FarleyOnde histórias criam vida. Descubra agora