Cancún

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Boa leitura 🩷
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Price me arrastou até a sua sala sem dizer uma única palavra, o que não era típico dele.

Parei assim que ele abriu a porta, me negando a entrar.

- Eu não vou ouvir mais um dos seus sermões, Price. - Neguei com a cabeça.- Já me tiraram tudo o que eu tinha, não vou ficar ouvindo você reclamando.

Eu precisava ser forte, mas estava sentindo minhas pernas tremerem e os olhos começarem a arder.

Me neguei a chorar enquanto olhava firme para ele.

John suspirou e pegou minha mão delicadamente, me guiando até a sala a contra gosto, e fechando a porta atrás de nós.

- Seja rápido, por favor. - Pedi, cansada.- O que quer?

- Primeiramente, Alexandra, você não deveria falar com oficiais superiores daquele jeito. Levou sorte de não ter ganhado nenhuma punição. - Ele começou, me olhando com aqueles olhos acusadores que só ele tinha.

Soltei uma risada forçada e balancei a cabeça, me escorando na parede.

- Acha que eu não ganhei punição? - Levantei os braços mostrando onde estava.- O que é isso pra você?

- Uma chance, Alex. - Ele respondeu, ainda com aquele olhar.

Eu estava tão embriagada com a raiva e a tristeza que nem sequer conseguia pensar sobre o que ele estava falando.

Só queria sumir.

- Do que, Price?

- De recomeçar, querida. - Ele se aproximou, colocando a mão em meu ombro.- Eu sei o que isso significa pra você, eu também sinto isso. Mas agora não é o momento, apenas aceite. Nem sempre vencemos, sabe disso.

Balancei a cabeça, me negando.

- E o que quer que eu faça? Vá pra casa e assista um filme? - Perguntei, exasperada.- Isso não é pra mim, John. Eu dediquei a minha vida em prol disso, e querem que eu apenas suma? Não, não vou fazer isso.

- Você precisa se recuperar de tudo, Alexandra. Encare como férias.

Ele então se afastou e pegou o telefone, digitando algo rapidamente.

Estava ficando sem paciência para esperar uma resposta, então comecei a andar até a porta.

- Avisei a governanta que você estará indo para a minha casa em Cancún. Aproveite o tempo lá, é um clima agradável, sem trabalho, sem dor de cabeça, sem crimes e principalmente sem Menendez. - Ele sorriu para mim e beijou minha bochecha.- Vou sentir sua falta, querida.

- Eu nem disse que vou ainda. - Olhei-o de canto.

- Alexandra.

- Tá.

Eu nunca venceria Price em uma discussão. Era um fato que eu já tinha aceitado. Assim como aceitei que ele sempre iria saber o que era melhor pra mim.

Abracei-o com força, sentindo seus dedos deslizando pelas minhas costas e me soltei dele, não querendo fraquejar ainda mais.

- Se cuida, querida. Qualquer coisa é só me ligar.

- Eu sei, diga a Grace que eu a amo e vou sentir falta dela.

- Eu direi.

Fechei a porta do escritório e respirei fundo. Ainda tinha mais um desafio para cumprir: sair do quartel sem parecer uma fracassada.

Ajeitei meu terno e levantei a cabeça.

Até aquele momento, o boato de que eu havia sido afastada provavelmente já estaria rolando, então não poderia demonstrar fraqueza, não mais.

FarleyOnde histórias criam vida. Descubra agora