Verdict

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Boa leitura 🩷
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Depois de mais outros milhares de sermões, Price saiu, tinha suas próprias coisas do QG para resolver.

Finalmente me vi sozinha e em paz, ou pelo menos parcialmente. Tinha um relatório para preparar.

Sentei na cama com dificuldade e peguei o notebook, respirando fundo antes de começar a detalhar toda a missão.

Odiava fazer relatórios, mas esse estava doendo como nunca antes.

Ter que descrever as últimas ações e palavras dos meus companheiros era como receber mais tiros.

Lembro da última piadinha que Dylan fez, dizendo que se conseguisse terminar essa missão sem levar nenhum tiro, algo que nunca ocorreu, chamaria Beatrice para jantar.

Evandro até me fez rir quando disse que eu mesma daria um tiro em Dylan para que ele não conseguisse.

Fechei a página do relatório e olhei para a foto que era meu papel de parede. Foi recém tirada assim que Bea entrou para o meu esquadrão.

Ela estava sentada em meus ombros com um sorriso gigante no rosto, Dylan olhava para ela admirado, enquanto Clarisse e Evandro estavam sorrindo de costas um para o outro, já Kevin estava sentado em alguns caixotes de munição e parecia feliz apesar de nunca ter demonstrado.

Eles eram a minha família, estavam comigo desde que ingressei nas forças especiais. E agora eu estava sozinha.

Suspirei, tentando controlar a dor que assolava meu peito e voltei para o relatório e não parei até finalmente terminá-lo para poder dormir.

Amanhã será um longo dia.

                                  §•§

- Maldito Shepherd. Parece que como não morri na explosão e nem de tiro ele está tentando por si mesmo. - Resmunguei enquanto terminava de me vestir com um braço só.

- Alexandra, modos pelo amor de Deus. - Price pediu massageando as laterais do nariz.- Eu também não acho certo isso, mas não podemos fazer nada. É uma decisão do coronel.

Revirei os olhos, suspirando enquanto sentia os dedos delicados de Grace trançarem meu cabelo em um coque alto. Regras de vestimenta.

- Obrigada, tia. - Agradeci e a vi ir para a porta.

- Boa sorte, Alex. E não importa o que aconteça, a culpa não foi sua.

Engoli seco e concordei com a cabeça. De um jeito ou de outro, aquele dia não seria bom.

Sinto a mão pesada de Price em meu ombro, me tirando dos meus devaneios.

- Vamos?

Concordei e finalmente saímos daquele hospital.

- Espero nunca mais voltar aqui. - Resmunguei entrando no banco do passageiro do carro e vendo John rir.- Odeio hospitais.

- Eu me surpreenderia se encontrasse alguém que gostasse.

Olhei para ele estreitando os olhos.

- Muito engraçado.

- Só quero te aliviar um pouco, querida. - Ele sorriu triste, sem me olhar.

- Não vai funcionar, tio. - Suspirei, olhando para fora do carro.

O caminho até o QG foi em silêncio, exceto pela rádio do carro que Price sempre ligava desde que eu me conhecia por gente.
Aproveitei o tempo para memorizar tudo o que eu queria falar, pensar em argumentos e prever perguntas que poderiam ser feitas.

FarleyOnde histórias criam vida. Descubra agora