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Boa leitura 🩷
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Soltei um suspiro assim que fechei a porta, segurando com força a lateral do meu corpo.

Eu não sentia a dor de um soco assim desde minha penúltima missão, meses, quase dois anos atrás.

Olhei para a próxima porta do corredor, a enfermaria, pensando se iria até lá por causa disso.

Era fraqueza demais para mim.

Balancei a cabeça, aceitando continuar com a dor pungente que assolava meu corpo, e caminhei para fora do galpão principal.

No meio dele, tinha uma área aberta e livre, apenas algumas caixas que provavelmente seriam de abastecimento do QG em comida e suprimentos.

Mais para frente tinha a área de pouso e de veículos, tanto carros quanto caminhões.

Ali era onde estava um fluxo moderado de soldados cumprindo seus deveres.

Me afastei um pouco caminhando para a parte de trás do galpão, onde ficava o estande de tiro para treino.

Graças a Deus estava vazio, então apenas me sentei em um dos caixotes de munição.

Não sei qual era pior, ficar na sala de treinamento onde tive uma derrota humilhante ou ficar sozinha com meus pensamentos onde conseguia me crucificar ainda mais por isso.

Eu simplesmente me afundei sozinha, perdi o pouco de mim que restava durante esse ano que passou.

Agora eu vejo isso.

A culpa da minha derrota não era de ninguém, apenas minha.

Eu fraquejei, deixei o luto me destruir por completo, desviei do meu foco e me deixei levar pela vingança.

Beatrice teria vergonha de mim.

Notei que abaixei a minha guarda quando nem sequer sinto que tem alguém atrás de mim.

Virei de relance e vejo Konig escorado em uma das paredes, com os braços cruzados, me olhando com aqueles olhos.

Eram tão fortes que parecia que eu tinha que lutar para conseguir desviar deles.

Virei de costas novamente, mas com a postura de uma maneira melhor.

- Desculpe pelo seu dinheiro. - Comecei, me lembrando que ele tinha apostado um valor alto em mim.

- Não tem problema. - Ele responde.

- Claro que tem. - Comecei a mexer dentro da bolsa que fica na lateral da minha perna, procurando pela minha carteira.- Se quiser eu posso...

Sinto uma mão firme segurar meu pulso, me parando.

Olho para cima e o vejo pela primeira vez com um olhar mais duro.

- Não.

Mesmo já tendo parado, sua mão continua presa em mim por todo um momento.

Ele usava luvas, mas mesmo assim elas ainda pareciam quentes como brasas.

Seus olhos alternavam entre meus olhos e sinto um formigamento quando a vejo descer por milissegundos para a minha boca.

Ele desvia o olhar, virando a cabeça e se senta um pouco mais afastado.

Nem sequer tinha percebido que meu coração estava disparado, até aquele momento. Parecia que ia subir pela minha garganta.

Respiro mais fundo, tentando conter algo que eu não sei o que é, e fecho a bolsa novamente.

FarleyOnde histórias criam vida. Descubra agora