Perfect Guest | Lucas Verissímo

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a pedido de thelightsinvisible espero que goste 🤍

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Bragança, Portugal - 24/12

A pior parte de trabalhar com pessoas, são as pessoas. Agora a pior parte de trabalhar em um hotel pousada, é a falta de noção das pessoas. Como por exemplo, esse belo casal de senhores que tinha a minha frente, eles fizeram uma reserva para o dia 26 de Dezembro, mas simplesmente apareceram hoje, 24. A senhora já havia se cansado de falar e então, o marido argumentava com meu pai. Mesmo que eles tenham confundido as datas não podiamos realoca-los sem aviso prévio.

— Tudo bem, senhores, peguem a chave, vou realocar vocês. — Meu pai disse derrotado.

Mais um detalhe sobre nós, quebramos muitas regras aqui na pousada. Meu pai tem um coração do tamanho da nossa dívida com o banco, por isso, ele trabalha com capacidade máxima todos os dias, fins de semana e feriados. Lá fora começava a nevar quando o casal de idosos subia as escadas com cuidado. Olhei para o grisalho do meu lado que sorria por saber que havia feito algo contra a política do hotel, aquela que ele mesmo escreveu.

— Eu sei, Marga, não tive outra opção, o mundo está acabando lá fora. — Ele fechou o caixa dando a volta no balcão. Meu pai deixou um beijo na minha testa antes de ir para seu escritório.

Ele tinha razão, a neve estava forte demais a essa altura, poderia ser perigoso pra qualquer um mesmo em um carro equipado. Indo até o armário do balcão, tirei a placa que dizia "lotação máxima". Ou ela era pendurada na porta de entrada, ou meu pai colocaria hóspedes no seu escritório. Pelo vidro eu podia ver os flocos de neve caindo rápido e o barulho do vento era como um uivo forte e assustador. Pendurando a placa, me virei para retornar a recepção quando vi uma figura alta batendo no vidro. No primeiro instante eu me assustei e dei alguns passos para trás, mas logo em seguida, eu percebi ser um homem parado no meio da nevasca. Rapidamente, eu coloquei as chaves na tranca e puxei a porta com força, recebendo um vento gélido no rosto e pequenos flocos no chão do hotel.

O homem entrou atrapalhado, derrubando suas duas malas no chão e em seguida escorregando na neve que estava em suas botas. Me limitei a dar uma singela risada. Ele pareceu não se importar, já que sentou no chão refletindo.

— Na placa diz hotel pousada, certo? — Ele disse ainda no chão.

— Sim. — Respondi. Ele tinha um sotaque diferente. — Também dizia que estamos lotados. — Fiz careta na última frase.

— Não? Jura? — Assenti. — Logo hoje?

— Exatamente por ser hoje. — Enquanto eu falava, o homem se levantava do chão, passando a mão sobre suas pernas e braços, tentando tirar a neve acumulada. Ele facilmente tinha 1 metro e 90.

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