Aonde eu escrevo contos Natalinos e de Fim de Ano, baseado nos pedidos de vocês.
▪︎ são contos com tema natalino e de ano novo
▪︎ pedidos apenas no capítulo intitulado "pedidos"
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dedicado a jinjinjara__ espero muito que goste! ⭐️
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O fino e gelado floco de neve caia sobre as ruas branquinhas de Munique. Passei meu pé fortemente contra um pequeno bolo que se formou na calçada da grande casa dos meus pais. Manu fez o mesmo quando passou por mim. Ele me olhou, estava nervoso, mas esboçou um belo sorriso.
O goleiro passou a semana falando incansavelmente sobre o jantar de véspera, porém no dia em si, ele esteve quieto a amanhã toda. Ele comeu, foi para o escritório, depois me achou dormindo no sofá e por ali ficou. Nenhuma palavra a mais do que "eu te amo" o dia todo. Já não sabia mais o que fazer, refiz todo o discurso na minha cabeça, mas quando eu o observava quieto e pensativo, as palavras de esvaiam de mim.
As luzes do quintal enfeitado poderiam ser vistas do outro quarteirão. Mas lá estávamos nós, em frente o jardim, com um enorme Papai Noel mecânico se mexendo sem cessar, de um lado e outro. O alemão sorriu daquilo e se virou me olhando, ele apontou e soltou um sorriso nasal novamente.
— Eles estão se acostumando com decorações europeias, meu amor — Eu dei um lago passo para alcançar ele. —, dá um desconto. — Fiz um biquinho de dó. Manuel me encarou por longos segundos e eu soube ali que não estava nada bem. Normalmente ele riria ainda mais ou faria alguma piada que apenas a terceira idade estenderia, mas ao contrário disso, ele me olhou como se quisesse dizer algo, mas não tinha coragem o suficiente.
Continuei com meu olhar fixo ao dele, até que Neuer seguiu em direção a porta, batendo as botas pretas sob a escada.
— Auto lá, Senhor Neuer! — Ele parou jogando o corpo para trás, como se desistisse do ato a seguir. Depois, se virou para mim, vindo em minha direção. — Meu namorado é mudo?
— Ainda não — Ele rebateu rápido.
—Manu, qual é o seu problema hoje? — Ele suspirou fortemente, liberando todo o ar comprido. Tentou levar suas mãos até meu rosto, mas eu as reprovei. — Estava animado até ontem, aconteceu alguma coisa?
— Leben.... — Balbuciou. Eu sabia que ele não ia falar sem pressão.
— Por favor, Manu, tô tentando te ajudar.
— E se, eles não forem com a minha cara? Não gostarem de mim? Já imagino o porquê. — Ele coçou a nuca, visivelmente incomodado com aquilo.
— Manu, você não pode estar falando sobre que eu estou pensando! — Ele me olhou com desdém e sorriu. — Já fazem oito anos, meu amor, oito anos! — Ergui as mãos para que ele pudesse entender melhor.
— Qual é, liebe, seus pais são brasileiros, vão me odiar, vão colocar veneno na minha comida...
— Epa, é dos meus pais que você tá falando! — Segurei a risada quando ele mencionou o veneno. Meu pai havia dito isso em um churrasco em São Paulo, Manu passou duas noites em claro pensando quando eu voltei a Alemanha e contei a ele. — Vai dar tudo certo, é só um jantar e acabou.
