O Sacrifício da Cerejeira

Capítulo 43

SAKURA NARRANDO

Assim que meu punho atingiu o centro do chão da sala, ele se quebrou inteiro. As paredes começaram a desabar uma por uma.

O prédio se mexeu inteiro e os gritos da população se iniciou.

Assim que eu ia caindo juntos dos pedregulhos, eu vi o estrago acontecendo.

O prédio desabou inteiro e eu caí com ele.

A cada pedra que atingia o próximo andar, o destruía mais ainda.

Eu estava sendo atingida pela minha própria destruição, mas assim que um machucado era feito, eu me curava.

Senti minha força balançar a vila inteira, os gritos e mais destruição. O soco havia sido tão forte, que casas próximas estavam sendo destruídas, eu conseguia escutar todo o caos.

Olhei para cima, vendo o resto do prédio cair comigo. Eu ficaria soterrada.

Antes que tudo fosse destruído por inteiro, usei chakra nos pés para chutar um pedregulho e ganhar impulso para fora.

Soquei uma parede que estava caindo, a destruindo. Me joguei para fora do prédio, pulando de calhau a calhau com o chakra me equilibrando.

Pulei para um poste, quase intacto, mas ainda tremendo.

Estando aqui fora, consegui ter uma dimensão da destruição que eu causei.

Pessoas corriam, tropeçando e caindo umas nas outras, tudo para fugir da destruição que eu causei.

Olhei isso com receio, medo do que eu mesma causei.

Céus, eu fiz isso.

Uma mãe corria com uma criança no colo e outra nas mãos, correndo com elas, quando a criança tropeçou e se separou da mãe.

As pessoas não pararam para ajudar, na verdade, a pisotearam, com medo pelas suas vidas.

Senti lágrimas caírem pelos meus olhos.

Eu ia correr para ajudar, quando asas bateram e voaram rapidamente, pegando a menina no colo.

Konan gritava ordens, tentando guiá-los do caos que eu causei.

Olhei para mim e depois para Konan, o que eu havia causado.

Eu não seria uma vilã por fazer isso? Quantas pessoas estariam mortas? Quantas moradias eu destruí nisso?

Olhei em volta, para as pessoas chorando e gritando.

Isso é ser uma ninja? Isso que significa se sacrificar pelos que ama? Sacrificar sua mente e corpo pelo mundo ninja?

Tudo isso para evitar uma guerra, mas isso que eu causei, tudo que pessoas como eu causaram, isso não é guerra?

- Paz. – Escutei alguém falar, meu corpo inteiro paralisou. – Isso é o que busco. – Olhei em volta, vendo seis figuras ruivas me cercando.

Os seis caminhos de Pain.

O principal, que olhava profundamente para mim, falou:

- Você me entende agora, Sakura? Paz, é isso que eu quero. – Ele abriu os braços, mostrando a vila que eu acabara de destruir. – Mas a paz só pode ser conquista a partir da dor, você faz o mesmo que eu.

Senti mais lágrimas, eu havia causado isso.

Como isso me torna diferente deles?

Me fingir de morta, enganando as pessoas que eu mais amo, matando e destruindo para conseguir informações.

Tudo para acabar com uma possível guerra.

Mas se nós nos destruímos todos os dias, lutamos incansavelmente, isso não significa que já estamos em uma guerra? E em uma guerra, será que existe o lado bonzinho?

- Eu já fui como você. Eu tentei criar a paz com o bem, mas quer ouvir um segredo, garota? As pessoas não ligam para isso, elas só querem mais e mais poder. – Seus olhos estavam neutros, nem sua voz tinha alguma emoção. – Por isso apenas a dor pode os fazer ver a verdade. Você me entende, aliás destruiu tudo isso para conseguir o mesmo que eu.

Com lágrimas nos olhos, eu desviei o olhar dele.

O que me faz diferente dele?

Nada. Absolutamente nada.

No meio de pensamentos torturantes e devastadores, eu escutei:

- SAKURA-CHAN.

Levantei os olhos, sem acreditar de quem era a voz. Só poderia ser uma alucinação.

Procurei desesperadamente o dono da voz, quando achei a cabeleira loira, cheia de lágrimas nos olhos.

- VOCÊ NÃO É IGUAL ELE, SAKURA-CHAN! – Isso só poderia ser uma alucinação, o que Naruto fazia aqui? Eu estava louca assim? –VOCÊ AMA! VOCÊ TEM COMPAIXÃO! VOCÊ É BOA, SAKURA-CHAN!

Mesmo doendo, desviei o olhar.

Se eu sou boa, eu não deveria ter destruído o lar de tantas pessoas, mesmo que isso significasse tentar ajudar.

- SAKURA! – Meu corpo inteiro paralisou quando escutei aquela voz, a dona dos meu coração e motivações. O amor da minha vida. – SE VOCÊ FOSSE COMO ELE, VOCÊ TERIA DESISTIDO DE MIM!

Levantei a minha cabeça, vendo um Sasuke cansado, com Naruto ao seu lado. Os dois em posição de luta, mas sem desistirem.

Sasuke me olhava com aquelas orbes lindas e apaixonantes.

- VOCÊ ME AMOU DESDE O PRIMEIRO MOMENTO E NUNCA PAROU, MESMO SABENDO TUDO QUE FIZ POR VINGANÇA. VOCÊ ME CUROU E CUIDOU DE MIM, VOCÊ SE DISPOS A ESTAR AO MEU LADO SEMPRE. – Ele gritava para mim, despejando suas palavras amorosas cobertas de ansiedade. – E É POR ISSO QUE EU TE AMO. PORQUE VOCÊ É BOA, GENTIL E SE IMPORTA.

Naruto, tão acelerado quanto Sasuke, gritou:

- VOCÊ SE TORNOU UMA NINJA MÉDICA PORQUE NÃO SUPORTA VER OS FERIDOS APÓS SUAS LUTAS. VOCÊ VIROU UMA NINJA PARA AJUDAR. NÓS FALHAMOS, SOMOS HUMANOS, MAS O QUE IMPORTA É QUE NÃO DESISTIMOS DE FAZER O BEM.

- E VOCÊ, SAKURA, NUNCA DESISTE. – Sasuke completou.

Olhei para eles com lágrimas nos olhos.

Naruto, meu irmão, a pessoa que sempre cuidou de mim, esteve lá para mim. Mesmo sendo julgado pela sociedade por carregar um demônio, esteve ajudando todos. Naruto, o menino com mil sonhos e cem mil gentilezas. Que nunca desistiu, mesmo quando foi espancado e humilhado.

Sasuke, o amor da minha vida, que cuida e me ama. Que foi subjugado pelo ódio e vingança, mas nem por isso parou de amar e lutar. O Uchiha que desistiu do ódio, que assolava gerações, por mim. O homem que está aqui de pé, gritando que me ama, para eu não parar de lutar.

- Lindo isso, mas não muda o que você fez. – Pain falou, sem reação. – Não muda o que você é.

- Eu errei. – Falei para Pain. – Eu errei no que fiz e o jeito que achei que deveria achar paz. E eu reconheço isso, agora. – Olhei no fundo de seus olhos, pronta para mudar esse ódio existente no mundo ninja. – Se renda, Pain, e vamos fazer isso do jeito certo.

Pela primeira vez, Pain reagiu.

E assim que o homem ruivo deu um sorriso de escarnio, eu senti algo perfurar meu corpo.

Escutei ambos os homens que eu amo, gritarem de uma forma que eu nunca escutei, enquanto eu caia.