Poesias alheias

buraquinho

Eu não sei se acredito
Que todo mundo é substituível
Que não há ninguém permanente
Isso meio que me apavora
Ter que se acostumar com essa ideia
De que podem mudar de ideia sobre a gente
Quem não sabe o que faz, mente
Inventa
Floreia
Assim como quem não sabe como se sente
Posso estar ficando maluca
Mas estou começando a me convencer
De que há pessoas que são apenas ruins
Ou porque não conheceram outra coisa
Ou porque podem
Fazem mal por ignorância
Ou só
Vontade?
É difícil acreditar
Que outro alguém pode ocupar
Aquele lugarzinho que já foi seu
Nem é necessário, devo dizer
Existem muitos mais buraquinhos
Tantos que nem sei se consigo mais ver o que te pertence
Ou mesmo lembrar de como era olhar pra ele por tanto tempo
Outros curam a gente
Curam de verdade
Acho que tendem a confundir isso com substituir
Não é como se você fosse esquecível
Como se eu fosse deixar alguém roubar o seu lugar
Mas sua importância vai desbotando
Quanto menos sentido faz
Mais longe a gente vai do seu buraquinho
Cada vez mais camuflado
A cada dia, menorzinho
Até sumir no mar de espaços
Que um dia também vão ruindo
Depois que acontece bastante
Depois que parece que não tem volta
É bem nesse momento que a gente nota
Que a vida é isso
Ir pulando de buraquinho em buraquinho