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S/n Mccarteney Point of View

— Parece que os dias são mais proveitosos agora, antes eu mal saia de casa e hoje sinto que vivo bem mais que antes. - Camila comenta enquanto leva uma uva até a boca e mastiga. Ela está deitada em meu colo enquanto olhamos para os patos passando pela lagoa. A grama fofa é coberta por um lençol típico xadrez e fizemos uma cesta com comidas para um piquenique.

— É, realmente parece. - Respondo com o olhar perdido nos meus próprios pés.

— O que tanto pensa? Está tão quieta. - Se vira de barriga pra cima me olhando. — Eu posso ver o fundo do seu nariz agora. - Aponta sorrindo e eu tampo com a mão.

— Não seja idiota, você é tão bocó as vezes. - Ela ri mais ainda.

— Vai, me conte o que você tem. - Insiste enquanto seu sorriso vai morrendo. Olho dentro dos olhos dela me perdendo em sua iris castanha escura notando que há algum tempo ela vem sido o motivo do meu lazer, a razão pela qual consigo respirar com mais liberdade e consigo sentir felicidade nesse mal que é viver as vezes.

— Não estou pensando em nada, aqui é muito bonito. - Desconverso trocando a direção dos meus olhos para o lago dessa vez.

— Você não tem pais? - Pergunta curiosa. Ela já me fez essa pergunta várias vezes antes como algumas outras mas sempre me esquivei pois não me sentia confortável em dividir algo tão pessoal assim.

Dessa vez, passando mais tempo com ela do lado de fora da base vejo que somos quase que íntimas agora, somos boas conhecidas que possuem algumas regalias a mais então, acho que não tem mal em me abrir para ela.

— Meus pais morreram. Meu pai morreu de tuberculose e minha mãe morreu um ano depois de câncer de mama. - Engulo em seco ao tocar no assunto.

— Sinto muito, deve ter sido difícil. - Estica as mãos para acariciar meu rosto, olho para ela sorrindo fraco.

— Foi bastante difícil sim mas, hoje consigo suportar. - Respondo fechando os olhos ao sentir seus carinhos.

— Só tinha eles? - Volta a perguntar.

— Tenho avós, tios e primos mas são muito distantes de mim. Logo depois que me casei os dois faleceram, era apenas eu e Helen, e depois voltei a ficar sozinha.

— Eu estou aqui agora. - Sorri carinhosa me fazendo abrir um sorriso igual.

— Onde estão seus pais? - Questiono querendo saber mais dela.

— Moram em Washington, não falo com eles. - Respira fundo e vejo seu olhar mudar para um melancólico. — Eles não aceitam o que eu escolhi seguir, acham que devo escutar o que eles querem para mim mas sempre fui contra, por isso vivemos brigando. Sempre pratiquei natação quando decidi que queria trabalhar com isso, mas meu pai tinha um desejo de me ver ser uma médica como ele não conseguiu ser. Por um tempo tive que me diminuir para viver o sonho dele mas quando me mantive firme em minha decisão pude finalmente viver a minha própria vida, e isso significa ser o maior fracasso da família. - Camila me aparenta estar chateada ao contar sua vida devido a ser nessas circustância.

— Eu achava que você era uma garota mimada. - Confesso sorrindo.

— Você sempre acha as piores coisas de mim. - Sorri também.

— Tem razão. - A mulher abre a boca incrédula e começa a me fazer cócegas.

— Para com isso, garota! - Empurro ela que rola para a grama e gargalha. Camila nega com a cabeça e desvia o olhar para o lago, ela parece ficar um pouco pensativa demais. — Ei... - Chamo sua atenção.

Swim (Camila/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora