Parte 3

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Elen sentiu o sangue gelar.

Queria fugir daquilo de qualquer forma possível, mas o elfo a sua frente estava resoluto em tomar o que lhe era de direito no combinado.

Ele segurara sua mão e a elfa se viu sendo guiada a uma sala vazia.

E então estava sozinha com ele.

— Rom, eu...

— Não precisa ficar nervosa — ele já estava próximo e Elen sentiu os dedos dele deslizarem por suas bochechas. — Não sou nenhum ogro.

— Isso é evidente — ela riu a contragosto. — Só é muito novo para mim... beijar outro.

Os dedos dele agora estavam nos lábios dela numa carícia sedutora, fazendo-a calar-se.

O elfo a olhava com fascínio, saboreando a expectativa do beijo, enquanto a elfa sentia um turbilhão de emoções tomá-la vendo Rom cada vez mais perto e a consequência daquele acordo mais iminente.

— Você não tem ideia de quantas vezes sonhei com isso — confidenciou ele com seus narizes se tocando, com as testas repousando um sobre a outra. — Elen, eu...

Ela não soube o que ele diria, porque, antes que pudesse concluir, Rom findara os poucos centímetros que restavam entre eles, colando seus lábios.

E aquele turbilhão de emoções que antes a subjugava a soterrou. Estava sendo beijada por outro que não Aryon. Estava sendo beijada por Rom.

Os lábios dele eram macios sobre os seus, o hálito fresco, os dedos insistentes acariciando sua face.

Ela estremeceu quando ele a abraçou, recriminando-se quando flagrou-se correspondendo ao beijo. Moveu sua boca contra a dele, abrindo-se, mostrando-se disposta, fazendo o elfo apertá-la cada vez mais junto a ele.

Aquilo era bom...

Lembrou-se que prometera não retribuir, que prometera passar por aquilo como uma pedra, mas estava fazendo o exato oposto.

Suspirou quando ele exigiu seus lábios mais uma vez com entusiasmo renovado, levando suas mãos a acariciá-lo, sentindo a textura dos fios dourados entre seus dedos.

Rom gemeu com o carinho e confidenciou sorrindo entre os beijos:

— Tenho medo de estar sonhando. Não suportaria se não fosse real.

Elen, aproveitando a oportunidade que surgira, afastou-se sentindo sua mente desanuviar. Saiu dentre os braços dele e colocou certa distância entre os dois.

— Isso não devia ter acontecido — sentenciou não conseguindo evitar levar os dedos aos lábios e revisitar as emoções sentidas.

— Foi maravilhoso — o elfo contrapôs.

— Não é certo — insistiu. — Não pode falar disso a ninguém! Me promete?

— Sobre o beijo? Ou sobre o acordo?

Elen ficou estagnada olhando para ele. Não seria a mesma coisa? Ainda se sentia confusa com o beijo e não conseguia raciocinar direito.

— Sobre o acordo tudo bem, mas... sobre o beijo... não é o que queremos? Que todos saibam? — Rom indagou.

A elfa concordou com a cabeça vendo que estava realmente confusa. Mas havia um incômodo insistente em seu peito a respeito daquela situação.

Pela primeira vez na vida não estava fazendo o que todos esperavam. Era estranho saber que poderiam estar recriminando-a naquele exato momento.

— Tudo bem — ela concordou não querendo mais parecer estúpida. — Preciso ir, Rom, tenho coisas a resolver. — Inventou uma desculpa para se afastar.

Contos de "Além do Bosque"Onde histórias criam vida. Descubra agora