Meira jazia no jardim buscando acertar frutos podres que pendiam das árvores mais altas com suas flechas certeiras.
Havia passado a manhã ansiando por encontrar Nilor e se controlando para não sair de fato caçando-o pelos corredores.
Dizia a si mesma constantemente que quando ele quisesse vê-la ele apareceria, e que não seria ela a procurá-lo pelo castelo, pois havia sido o próprio elfo que tinha insistindo em permanecer em sua companhia e sendo assim, ela não deveria estar se sentindo do jeito que se sentia.
Nilor a estava tirando do eixo e aquilo era muito perturbador.
— O que está havendo comigo? — a elfa se perguntou não aguentando a confusão em sua cabeça causada pelo elfo.
Soltou a flecha vendo-a voar com um assobio suave e passando absurdamente longe do alvo.
— Uuuhh... quase!
Ouviu a voz a suas costas e virou-se vendo o elfo que tomava seus pensamentos olhando para a copa da árvore e bloqueando o sol dos olhos com a mão.
— Por pouco... — disse ele olhando-a em seguida.
Meira sentiu o coração palpitar e por incrível que pareça desejou sumir da vista de Nilor. Só de saber que estava sob o escrutínio dele já se sentia constranger e queria absurdamente sentir-se segura... bem longe dele.
O sentido havia sumido de sua vida deixando-a completamente maluca.
— Errei feio — comentou Meira feliz por ver que a própria voz não havia sumido.
— Costumo sempre errar feio então — Nilor anuiu lembrando-se da sua péssima pontaria e o quanto ficava feliz quando demonstrava um desempenho semelhante ao da elfa.
Ele coçou a cabeça emaranhando os cabelos dourados nos dedos olhando-a como se a analisasse com aquele sorriso no rosto que por vezes a irritava.
— O que foi? — a elfa perguntou incomodada.
— Esperei por você ontem e não apareceu.
— Preferi comer sozinha — Meira respondeu por impulso negando-se a dizer a verdade.
— Que pena... estava ansiando por encontrá-la — o elfo disse carinhosamente desarmando a elfa que sentiu-se vacilar dando um passo para trás.
Sempre que ele agia daquela forma deixava a elfa, que sempre tinha uma resposta ácida na ponta da língua, sem reação. E Meira inconscientemente se afastava, pois não se sentia segura de estar perto do que não podia se defender.
E de Nilor definitivamente ela não podia se defender.
— Humm... mas então... não o vi na refeição hoje — ela falou tentando se recompor e mudar o foco da conversa.
— Adan precisou de mim — Nilor respondeu —, mas agora estou livre. Pensou em algo para fazermos? — perguntou entusiasmado.
Meira o olhou perplexa demorando para compreendê-lo até que por fim se permitiu compreender. Mas não queria fazer nada com ele. Na verdade, tinha medo.
Então a elfa falou a primeira coisa que veio a sua cabeça.
— Desculpe, estou ocupada!
— Derrubando frutas podres? — a pergunta veio com um levantar de sobrancelhas.
— Isso já não lhe diz respeito — respondeu ela sem questão de ser educada.
— O que me diz respeito — Nilor falou avolumando-se sobre ela ao se aproximar — é que você está arrumando desculpa, e muito ruim por sinal, para não cumprir o nosso acordo e isso me parece péssimo.
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Contos de "Além do Bosque"
Historia CortaElfos são muito mais suscetíveis as emoções do que podemos imaginar. Eles também se apaixonam, sofrem e cometem erros, sendo muitas vezes cegos o suficiente para não enxergarem o que está bem diante de seus narizes. Mas o que seria a vida sem seus...