Parte 8

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Ao amanhecer, Nilor, antes mesmo de ter de fato acordado, já se via obrigado a seguir Meira pela floresta.

A elfa, que havia acordado sobressaltada e evitando a todo custo encarar o elfo, colocou-se novamente a caminho do Vale das Fadas sem pensar duas vezes.

Nilor via-a balançar metodicamente sobre a cela de seu cavalo à frente e não conseguia evitar de divagar sobre tudo que poderiam ter vivido durante a noite passada. Mas Meira era difícil, e quebrar todas as barreiras que ela construía sistematicamente em torno de si havia se tornado uma tarefa bem difícil.

— Você precisa parar de fugir do que nós temos — Nilor optou por uma abordagem mais direta vendo-a enrijecer sobre sua montaria ao ouvi-lo.

— Não sei do que está falando — respondeu ela sem ao menos olhá-lo, com os olhos fixados no caminho que seguia.

— Por favor, Meira! Falo de nós dois — expôs ele cansado. — Falo do que temos, do nosso carinho, desejo, afinidade.

— Não temos afinidade — ela contrapôs intransigente. — E há alguns dia você iria apreciar poder quebrar meu pescoço.

— O desejo você não nega? — ele a desarmou apressando seu cavalo pareando-o com o dela. — Não posso falar por você, Meira, mas posso falar por mim. E eu sinto carinho por você, vontade de te cuidar, proteger... só depende de você permitir que esse sentimento se torne algo mais forte.

A elfa engoliu em seco e indagou com a voz quase imperceptível:

— Que sentimento mais forte?

— Amor — ele respondeu direto fazendo-a parar sua montaria seguida por ele.

Meira o olhou perdida no que ele acabara de lhe falar.

Aquelas palavras a aqueciam por dentro e a faziam feliz, mas havia uma voz bem no fundo dela mesma dizendo-a que ela não merecia aquilo, que uma hora ele cansaria e perceberia que aqueles sentimentos não eram reais.

E o que seria dela?

— Não devia brincar com essas coisas — ela falou sentindo os olhos lacrimejarem. — Você não me conhece, Nilor! A Meira que você vê não é a verdadeira Meira.

— Então me deixe conhecê-la! — ele pediu detestando os cavalos que o impediam de segurá-la nos braços.

— Não sei se gostará do que vai encontrar — murmurou ela desviando os olhos.

— Você não, mas eu sei! — Nilor retrucou começando a sentir aquela situação incômoda. Sentia-a escorrendo por seus dedos sem conseguir segurá-la. — Meira, você precisa nos dar uma chance. Não dá para ficar fugindo de tudo! O que é a vida sem alguns riscos? — respirou fundo resolvendo apelar. — Eu sei que sente algo por mim. Dá para ver quando me olha, quando nos beijamos... o que eu sinto é recíproco e não há nada que você diga que me convencerá do contrário. E diante disso tudo o que você quer? Encontrar comigo pelos corredores do castelo o resto de nossas vidas se perguntando como é que seria? Ou me ver ao lado de outra? Porque... eu... por favor, me diga o que fazer...

Meira o olhou depois de ter ouvido todo o discurso com os olhos em outra direção.

— Eu só não quero sair disso machucada — revelou ela logo vendo Nilor descer de sua montaria e exigir que ela descesse também.

Ele pegou a pedra vermelha que estava bem guardada em seu bolso e segurando a mão de Meira depositou-a ali.

— Eu não devia fazer isso — confessou ele. — Mas use-a se quiser.

— Do que está falando? — ela indagou perplexa admirando o brilho da pedra.

— Você sabe do que estou falando — declarou ele sem mais explicações. — Se é preciso correr o risco eu vou correr.

Contos de "Além do Bosque"Onde histórias criam vida. Descubra agora