Capítulo doze - Guardiã ou princesa?

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Ela estava abaixada no chão, encolhida, abraçada fortemente a uma criança pequena.

Ao seu redor, o fogo se alastrava rapidamente.

– Mamãe... Mamãe! Estou com medo, muito medo.


Abrindo lentamente os olhos, Sofie fitou o relógio digital que estava em cima da mesa de cabeceira. O visor marcava 6:35 da manhã. Acomodou sua cabeça sobre o peito de Hayato, que dormia profundamente.

Como ela havia pedido, ele retornara mais cedo de sua ronda, visto que, na área em que ficara responsável, não ocorreu nenhuma manifestação youkai. Saíra da base às sete da noite e retornara às duas da madrugada. Foi uma surpresa, para ele, ter encontrado Sofie em seu quarto. Apesar de os dois já terem passado incontáveis noites juntos, isso ainda não havia ocorrido desde que se mudaram para a base.

Enquanto ele dormia, ela deixou sua mente se perder em lembranças recentes. Mais precisamente, em dois episódios do dia anterior: uma rápida conversa que tivera com Qiang Li, tendo em vista que os dois ficaram juntos na ronda; e o encontro com Hikari, na volta para a base. 


– O que você andou falando para Hikari? – Sofie perguntou, em determinado momento, enquanto caminhava ao lado de Qiang.

– Apenas disse que, ao final da missão, eu vou matá-la.

– E por acaso pensa que eu vou permitir que faça isso?

– E o que poderá fazer para impedir? Eu sou um homem, um Guardião. Você não passa de uma mulher de meia-idade.

– Não subestime a força de uma mulher de meia-idade. Ainda mais se for uma ex-Guardiã e, ainda mais, se quiser proteger um filho. Você não vai machucar a minha filha, Qiang.

– Deixe de lado os discursos de "mãe protegendo a cria a qualquer custo". Você não se importa com ela. Para você, tudo o que ela representa é a continuação do poder do seu signo, mais nada.

Dizendo isso, ele apressou o passo, passando a andar a frente de Sofie. Ela indagou:

– Quem você pensa que é pra julgar o que eu sinto ou deixo de sentir pela minha filha?

– Guardiões são todos iguais.

– Sua mãe lhe amava, Qiang.

Ele ficou quieto. Sofie continuou:

– Ela falava de você o tempo inteiro. Carregava sempre uma foto sua, dizia que era o que lhe dava forças para lutar. Ela era um exemplo... Como mulher e como mãe.

– Se acha mesmo isso dela, então por que a matou?

– Eu não a matei! Yin era minha melhor amiga. Era, para mim, como uma irmã mais velha. Eu sofri demais com a morte dela.

– Devia ter pensado nisso antes de abandonar a missão.

– Eu não abandonei nada! Eu não tive forças para lutar, é diferente!

– Gautier, não importa o que me diga. Eu farei você sentir a mesma dor que eu senti. Essa é a promessa que fiz a mim mesmo, há muitos anos.

Assim, ele apressou ainda mais o passo.


Logo que Sofie fechou a porta de seu carro, na garagem do prédio, avistou Live, Shermmie e Hikari chegando ao local. As duas primeiras seguiram em direção à entrada da base. Já Hikari, parou, aguardando a mãe se aproximar.

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