Capítulo quinze - A verdade de Anne

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Sonolenta, Shermmie abriu os olhos. Viu um rosto sorridente subitamente surgir diante de si, acompanhado por uma empolgada voz:

Bonjour!

Assustou-se com aquilo. Seu cérebro, ainda distraído devido ao fato de ter acabado de despertar, levou alguns milésimos para processar que aquela era Anne.

– Affe... Fraquinha!

– Desculpe... – Disse Anne, tristemente – Eu quis dizer "Ohayo gozaimasu!" Às vezes eu ainda me confundo com os idiomas.

– Não tô falando sobre isso. Não me interessa em que idioma você quer falar, só não me assuste mais desse jeito! – Ela levantou-se e foi até o banheiro, resmungando – Mal acordo e me deparo com sua cara olhando pra mim. Achei até que fosse um youkai, que droga!

Anne ficou ainda mais triste.

– Mas... Eu não sou tão feia! – Ela choramingou.

Minutos depois, Shermmie saiu do banheiro. Parou, olhando para Anne que permanecera de pé no mesmo lugar.

– Podemos ir? – Indagou a loira, já parecendo esquecer-se totalmente da tristeza por ter sido comparada a um youkai.

– "Podemos"? Podemos ir pra onde?

– Para a ronda. Kari-chan saiu mais cedo para ir ao colégio, então eu fiquei esperando por você para sairmos juntas.

– Juntas? Está drogada?

– Er... Qual seria o problema?

– Seu braço está ferido, esqueceu?

– Ah, mas já tem quase uma semana, já estou bem melhor!

– Verdade? Então por que continua com ele enfaixado?

– Er... Tenho medo de pegar alguma infecção.

– Então, é mais seguro você ficar aqui no quarto, bem quietinha.

– Mas, Shermmie-chan...

– Para de me chamar assim.

– Qual o problema?

– É "meigo" e pessoal demais. Escute, não ache que o fato de você ter se machucado por ter dado uma de 'salvadora do mundo' e pulado na frente daquele youkai que me atacou faz de você minha amiga. Eu não tenho amigas e nem me interesso em ter.

Novamente, o olhar de Anne tornou-se triste.

– Pard... Desculpe.

– Hunf... Dá licença que tenho uma ronda a fazer.

Shermmie passou direto por Anne e ia sair do quarto, quando a canceriana a chamou:

– Mas, Shermmie... Eu também preciso voltar para as rondas.

– Pra quê?

– Por que eu sou uma Guardiã e quero ser útil.

– Ah, você quer ser útil? – Ela voltou-se para Anne – Então, vou te passar uma grande e importante missão.

Anne sorriu, voltando a se animar.

– Verdade? E o que eu terei que fazer?

– Fique aqui nesse quarto, convertendo o oxigênio em gás carbônico. É o máximo que você consegue fazer.

Assim, Shermmie saiu do quarto. Anne sentou-se na cama, choramingando:

– Isso não é uma grande missão...

Seus olhos azuis se desviaram para o celular em cima da mesa de cabeceira.

– Mamãe-Mara... Sinto tanto a sua falta...

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