Estava frio quando ele acordou sozinho, na cama branca, segurando um casaco esverdeado.
Estava frio quando ele vestiu o casaco, e esperou, por dias, o investigador chegar.
Estava frio também, quando ele estava no topo do Cristo Redentor, com uma carta, uma foto e uma flor em suas mãos, olhando para o pequeno filhote de dragão com os olhos inchados de tanto chorar.
As lágrimas desceram quentes pela sua bochecha rosada e gelada, e ele ficou lá. Parado. No topo do cristo. Sem coragem de acreditar que tudo aquilo estava realmente acontecendo. Ele sentiu seu estômago embrulhar, achava que iria vomitar todo seu café da manhã e almoço ali mesmo, iria vomitar até seus órgãos se fosse preciso para aliviar a dor em seu peito, que parecia ser esmagado por um rocha, ser pisado sem dó nem piedade pelo fantasma da federação que pairava sobre eles e levava dele aquele que ele mais amava no mundo.
Memórias rodavam em sua cabeça, aos poucos, as boas se tornam dolorosas, e as dolorosas, pareciam que haviam acontecido ontem. Ele fungou, olhando para a foto a qual usava um moletom, aquele moletom que havia esquecido na casa de seu gatinho e que o investigador usava casualmente, e quando se abraçavam por trás, costumavam colocar as mãos dentro dos bolsos do mesmo para se esquentarem juntos. Lembrar disso doía. Lembrar dele doía.Sua cabeça doía, e ao ler a carta, afastou-a de seu rosto, para evitar manchá-la com suas lágrimas e ranho. Ele sentia-se patético, angustiado, sentia que poderia desfazer-se em uma bagunça chorosa e vergonhosa, sendo apenas o vislumbre de um homem que um dia era considerado um dos mais alegres e cativantes de toda a ilha. Agora, a alegria havia sido toda sugada de seu corpo aos poucos.
Ele perdeu. Perdeu tudo o que tinha. De pouco a pouco.
Não tinha mais forças para lutar contra aquele sentimento de tristeza, abandono, luto e perda, não tinha forças para lutar mais contra aquela dor, para lutar contra aquela força maior que tirava deles seus bens mais preciosos e insistia que ele deveria ficar feliz e “aproveitar a ilha.”
Ele estava cansado.
Estava frio. E não era mais um frio incomum, era um frio que já o rondava há um tempo. Ele já estava acostumado com ele, ele pensava, e não ligava sobre como ele o atingia. q! Roier só não esperava, que com o tempo, aquele frio começasse a afetá-lo e começar a lentamente congela-lo, sem que ele nem mesmo percebesse, talvez, ele nunca realmente o fosse perceber, mas nesse momento, ele o percebeu. Tal qual como a casa de q!Cellbit escondida entre a montanha, ele o achou, e não conseguia mais desve-lo. O frio emanava agora de dentro dele, congelando todos os seus órgãos vitais, e seu corpo, que agora, agasalhado com o casaco de q!Cellbit, tremia lutando para terminar de ler a carta.
No fim. O frio já não o incomodava mais. E ele sabia que aquele seria a última vez que teria problemas com o frio quando o mesmo abraçou seu corpo enquanto caía, em seus braços, uma foto, uma carta e uma flor.
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Sweater Weather-Guapoduo.
FanfictionOnde aquela situação toda estava "fria" demais na opinião de q! Cellbit para que q! Roier pudesse se envolver sem sair machucado. Ou q! Roier ainda queria permanecer ao lado de q!Cellbit mesmo quando as coisas se complicassem, e ele saísse machucado...