4 - Desencanto da Melancolia Parte I

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Duas horas depois....

Em meio ao caos de Atlas, um ponto está em silêncio, Vidar e Arthus juntos novamente, apenas uma fonte de iluminação, a lua...

Continua acordado Arthus? Pergunta Vidar.

Deitado sobre seu ombro, com as pernas recolhidas e suas mão trêmulas...

Cif responde...

- Sim! Quando estou com você me sinto deslocado, sempre foi assim e hoje não é diferente... (Arhus/Cif)

- O que quer dizer com isso? E por que agora? Pergunta Vidar.

- Estar deslocado não é algo ruim, idiota! (Arthus/Cif)

Em meio a luz do luar, um clima tenso se instaura... Mas até as mais simples palavras, ditas pela pessoa certa podem torná-lo mais leve.

- Você mais que ninguém sabe tudo que passei!

- As palavras machucam, é o que dizem. Não apenas me machucaram como também se tornaram meu impulso, a força que desenvolvi nunca foi física, e sim mental, pensamentos positivos e de que posso ser melhor foram meu alicerce para me tornar quem sou hoje! (Arthus/Cif)

Com a cabeça baixa, Vidar toca seu queixo suavemente.

- Erga a cabeça! Não viva com o passado em suas costas, eu errei, sua mãe errou...

A expressão de seu rosto e cada canto do corpo de Cif ficam expostas quando sua mãe é mencionada mesmo que rapidamente. Aquele ser que em momentos era importante, por um mísero segundo se torna tão abalado ao ponto de vulnerável.

- Todos à sua volta erraram e te fizeram sofrer, mas mesmo assim você aguentou tudo sozinho, se fortaleceu, tenha orgulho do homem que se tornou.

Comovido com suas próprias palavras, Vidar volta a expressar em seu rosto aquela aparência dócil com seu sorriso sutil e olhar suave.

- Arthus... você se tornou um homem tão lindo! Se precisar desabafar então faça isso agora! Depois pode ser tarde...

Os olhos de Arthus começam a se encher de lágrimas, seus dedos se entrelaçam, suas pernas começam a tremer

- Eu já te contei algumas coisas, fragmentos da minha vida, mas nunca tudo... (Arthus)

Flashback de Arthus

Uma família comum como qualquer outra, um pai com um trabalho honesto, uma mãe com um trabalho mais honesto ainda mas também dona de casa e uma criança estudiosa de apenas doze anos, pelo menos era isso que parecia. Enquanto ainda na escola Arthus sempre estava quieto, não gostava de chamar atenção, queria o espaço dele, um menino que gosta de observar, achava beleza nas coisas simples e não se importava em ficar sozinho.

Aparentemente isso incomodava algumas pessoas, talvez o olhar observador incomodasse mentes que gostavam de impor imponência para exaltar sua aura de superior ou apenas idiotas tentando bancar adultos em meio a crianças... Em meio a um dia comum de aula, no seu canto, na mesa ao lado da parede sentado durante o intervalo, completamente sozinho como de costume, um grupo de três meninos se aproximava para tentar conversar, mas com uma abordagem um tanto rude, com um tom de voz alto e com diversos toques em seu ombro.

- Ei! Por que sempre fica sozinho? (Menino um)

Arthus raramente falava, então o som de sua voz era novidade para seus colegas.

- Porque eu gosto de ficar sozinho...

Os três meninos começam a rir alto e incessantemente após ouvir sua voz e o jeito que pronunciava cada palavra.

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