Chapter Four

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Dia do acidente

Bangkok

Rebecca Point Of View

Sabe eu nunca tinha acredito em vida após morte, ou naquela baboseira que algumas pessoas dizem que nossa alma se desprende do corpo pra vagar e ver o que está acontecendo com as pessoas que a gente ama, ou se desprende simplesmente pra vagar por ai. Nunca acreditei e olha como me encontro agora, estou aqui olhando para meu corpo desacordado ao lado da minha Freen. Era desesperador ver isso, eu ainda estava viva, disso eu tinha certeza porque meu peito subia e descia, um pouco fraco mais ainda sim respirava. Graças a Deus a Freen também estava viva, só desacordada. Me aproximei, tentei tocá-la mais não conseguir.

- Meu anjo – Digo – Eu estou aqui, por favor não me deixa.

Escuto o barulho de uma sirene, provavelmente o SAMU tinha sido acionado. Ainda bem que já estão chegando e que logo estaremos sendo cuidadas. Olho mais uma vez para nós duas um sorriso de leve surge em meu rosto, mesmo em uma situação como essa, nosso amor é demonstrado, ainda nos encontrávamos de mãos dadas, o aperto estava um pouco frouxo, mais ainda sim nos seguravamos, como se dessa forma tivéssemos nos protegendo. Com todo esse movimento do carro, a caixinha estava aparecendo no bolso, sinto um bolo em minha garganta. Eu queria chorar, mais não conseguia. Algo travava, essa hora já estaríamos em casa e comemorando com a nossa família. A essa hora a minha babe já teria se tornado a minha noiva e conhecendo ela como eu a conheço já estaríamos pensando na melhor data pra marcar o casamento. Só em pensar que talvez não tenhamos tempo para realizar isso, me matava por dentro. Por que isso tinha que acontecer? Por que com a gente? Eu não conseguia achar respostas para as minhas perguntas. Era impossível de acreditar e aceitar que isso aconteceu com a nós duas. Porque? Eu só queria saber o porque! Acho que fiquei tão imersa em meus pensamentos que não percebi que o pessoal do resgate já estavam retirando nós duas do carro. Quando me dei conta a Freen já estava sendo colocada em uma maca e no oxigênio, eu ia me aproximar dela mais sentir meu corpo sendo puxado, olhei para o meu corpo desacordado e comecei a me sentir sufocada.

- Ela está fibrilando – Um dos enfermeiros grita.

- Venha, coloca ela logo na ambulância – Um outro se aproxima – Precisamos estabilizá-la o quanto antes.

Droga!
O que é que está acontecendo comigo? Eu preciso ir com a Freen, comecei a entrar em desespero. Ela estava em outra ambulância se preparando para sair, enquanto eu estava sendo colocado em outra com três pessoas em cima de mim tendo problemas para me estabilizar. A ambulância com a Freen acabava de sair, enquanto eu ainda estava aqui dando trabalho para eles.

- Por favor meu Deus, se estiver me ouvindo não me leva agora – Eu falava olhando para o céu como se assim ele pudesse realmente me ouvir – Eu preciso ver ela, eu preciso saber se ela está bem.

Eu pedia quase suplicando, minha voz estava embargada quase prestes a chorar. Mas eu precisava ficar com ela, eu não me importava com o que pudesse acontecer comigo depois, eu só preciso saber se ela vai ficar bem, preciso me despedir dela e graças a um poder divino meu pedido foi atendido, sentir minha respiração normalizar e aquela sensação de está sendo puxada passou.

- Ok, deu certo – O rapaz que estava fazendo de tudo para me salvar grita – Agora vamos o mais rápido do possível para o hospital.

- Obrigada!

Eu sussurro sorrindo e olhando para o céu, eu fui atendida e agora eu poderia ficar ao lado dela.

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Hua Hin

7 Anos atrás

Freen Point Of View

Hoje era dia de praia, sol e descanso.
Estava precisando de um dia assim a muito tempo, não aguentava mais essa pressão de provas finais e vestibular. A quase dois meses não saiu de casa com meus amigos. A Tee e a Nam que o diga, viviam me chamando para sair e sempre a resposta era mesma.
Até que finalmente esse inferno passou e a minha vida social está aos poucos voltando aos trilhos.

- Hoje o dia não tem hora pra acabar – Nam a rainha da animação vem gritando, ali não tinha hora e nem dia ruim.

- Com toda certeza – Tee diz levantando uma latinha de cerveja – Precisamos de um 'time' nas preocupações.

- Isso eu concordo – Digo – Alegria, alegria meu povo

Estacionei o carro e nos preparávamos para descer.

- Nam amor pega as coisas que estão na mala – Falo.

- Ta bom! - Desce – Tee me ajuda.

Elas saem do carro e eu pego algumas coisas que eu tinha deixado no banco de trás. Peguei e ao sair do carro sentir uma pancada, não sei como aconteceu ou de onde veio, mas fui parar no chão com tudo espalhado.

- Ai – Escuto um gemido – Droga!

- Essa doeu – Digo me sentando e passando a mão no cotovelo – Merda.

Meus braço estava ardendo, eu não tinha visto o que tinha me atingido simplesmente quando percebi já estava no chão toda dolorida.

- Você está bem?

Escuto uma voz doce na minha frente e levanto o olhar. Só agora eu me dei conta o que tinha acontecido, não sei o que me deu mais acabei ficando sem graça e apenas balancei a cabeça em confirmação. Ela se levantou com um pouco de dificuldade, afinal, estava de patins e isso deveria atrapalhar um pouco mesmo.

- Deixa, eu te ajudo – Disse se pondo em minha frente e me ajudando a levanta – Desculpa – Sorriu e levou a mão a cabeça alisando os cabelos – Eu não conseguir parar, quando vi você já estava na minha frente e eu não tive como fazer nada.

- Sem problema – Digo sorrindo de canto – Eu sair do carro sem olhar, a culpa foi minha que me descuidei.

- Você se machucou? - Pergunta preocupada, me olhando de cima a baixo.

- Não, tudo bem – Sorriu tentando a tranquilizar.

- Vocês estão bem? - Minhas amigas se aproximam – Eu nem vi o que aconteceu, quando percebi a Freen já estava no chão e você também – Fala sorrindo.

- Foi um erro de percusso – Ela diz rindo.

- Eu nem tinha visto ela, só vi a Freen no chão – Fala Tee rindo – E pensei que tinha acontecido o de sempre já que essa ai – Apontou pra mim – vive mais no chão do que em pé mesmo.

- Hahaha engraçadinho – Olho pra ela séria.

- Coitada gente – Ela diz sorrindo e eu meio que acabo me perdendo no seu sorriso. Ela era linda e esse sorriso dela encantava qualquer um. Eu a olhava disfarçadamente, não queria parecer uma idiota perto dela e nem que ela ache que sou louca por olhá-la tanto assim, tão fixamente – Eu nem me apresentei, me chamo Rebecca – Estica a mão em minha direção sorrindo.

- Prazer – Seguro sua mão – Freen– Sorriu – E essas duas chatas, são a Tee e a Nam.

- Prazer pessoal – Sorri e acena para eles – Bom, você está bem mesmo? - Me pergunta se volta para mim novamente.

- Estou, não me machuquei tanto assim – Digo –

- Bom, é então eu ... eu tenho que ir – Diz me olhando – Foi um prazer conhecer vocês – Sorri – Me desculpe o mal jeito, estou envergonhada até agora pelo que aconteceu.

- Não tudo bem – Sorriu – Essas coisas acontecem.

- Me desculpa mesmo, tá – Insiste sorrindo e me abraça – Até uma próxima – Me olha – Prazer conhecer vocês – Olha para elas – Tchau.

- Tchau – Dizemos juntos.

- A gente se esbarra por ai – Disse ao sair e pisca pra mim.

E como eu estou agora?
Estou aqui feito uma trouxa a olhando ir embora com uma sensação boa em meu coração. Senti como se de alguma forma a gente tivesse que se conhecer, como se isso já tivesse sido escrito em nosso destino. Claro que poderia ter sido de uma forma menos constrangedora e menos dolorida, mas de qualquer forma, eu amei conhecê-la e alguma coisa me diz que em breve vamos nos ver de novo.

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