Não é invasão se...

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O resto da tarde continuou de uma forma razoavelmente normal. Dean ainda estava quieto, tentei brincar com ele mas foi uma tentativa inútil… o único momento em que o vi ficar um pouco mais animado foi quando Sammy acordou, é incrível, apesar de ter só 4 anos ele já sentia a necessidade de cuidar do Sam. No fim do dia John e eu acertamos o salário, saí logo depois de colocar os meninos na cama (nunca poderia imaginar que um dia estaria segurando meu tio nos braços enquanto cantava para ele dormir, quem diria que esse bebêzinho iria virar um gigante…), Dean deu um pouco mais de trabalho para dormir, tive que contar a ele uma história para tentar fazê-lo pegar no sono. John estava bebendo na mesa da cozinha quando saí, ele está tão abatido que parece estar a 1 passo da depressão… não é pra menos, só fazem 4 semanas desde o incêndio onde minha avó Mary morreu, e agora ele está sozinho com dois filhos para cuidar.

Quando acabei meu "trabalho" e saí da casa de Mike, onde John e os meninos estavam morando depois do incêndio, percebi que eu simplesmente não tinha lugar para ficar! Poderia alugar um quarto em algum hotel mas isso iria reduzir ainda mais a pouca quantidade de dinheiro que tenho, andei por algumas quadras até que cheguei a um lugar conhecido… realmente conhecido! A árvore na frente estava desenhada no diário do meu avô, aquela era a casa dos Winchester, o andar superior estava queimado, o que dava a entender que foi onde o fogo começou… e realmente foi! O fogo se iniciou no quarto do bebê, foi lá que minha avó foi morta. Apesar disso o andar inferior não parecia assim tão queimado, pelo menos não como o de cima, provavelmente o fogo ter começado no segundo andar alertou os vizinhos a chamar os bombeiros antes que se espalhasse pelo resto da casa… eles perderam tudo que estava no andar de cima, móveis, fotografias… tudo, mas algumas das coisas que estavam no andar de baixo se salvaram, entre elas algumas fotografias que meu pai e meu tio recuperaram anos depois. 

Não pude evitar entrar lá, meu pai não fala muito sobre o que aconteceu, e de repente veio uma curiosidade… e afinal, não é invasão se a casa tecnicamente ainda pertence a sua família.

Subi em direção ao lugar onde o incêndio começou, o quarto que pertencia a Sam. Estava escuro, os cabos de energia da casa haviam sido uma das coisas destruídas pelo fogo, estava insegura a respeito daquelas escadas, estavam queimadas, mas não destruídas, porém era difícil ter certeza se seria seguro subir. Meu caminho estava sendo iluminado apenas pela lanterna do celular, acho que os 70% de bateria durariam bastante considerando o fato de que eu não poderia deixar as pessoas verem meu celular. 

A cada passo que eu dava podia sentir a energia pesada emanando do quarto, era quase um cenário clichê de filme de terror. Dentro do quarto dava para ver o ponto onde o fogo começou… o teto! Depois se espalhou pelo resto do quarto, mas era visível que o foco do incêndio foi o teto… Mary morreu lá, queimou no teto… é quase como se eu pudesse ver, será que o espírito dela continua aqui!? Será que ela ainda está por perto!? Eu não sei e acho que não há como descobrir, só haviam duas coisas que eu sabia, a primeira era que aquele quarto emanava energia negativa como se o demônio que matou Mary ainda estivesse por perto, tenho certeza de que esse demônio era um dos príncipes do inferno… ele tem a mesma energia horrível que Asmodeus. A segundo coisa que eu sei é que agora tenho um lugar para ficar enquanto estiver aqui… a casa é da família, as luzes não estão funcionando, mas tem um sofá confortável que parece não ter sido tão consumido pelo fogo.

Caramba, há muito tempo desde a minha última boa noite de sono, todos os problemas do ano passado foram me deixando cada vez mais nervosa e ansiosa… agora neste momento é como se eu simplismente não pudesse dormir, sinto uma necessidade constante de voltar a casa de Mike… eu não posso abandona-los, "John está com eles" eu dizia para mim mesma, mas… que droga! Não consigo ignorar isso, é mais forte que eu. 

Voltei correndo para a casa de Mike, uma estranha sensação de aperto no peito me abateu de repente. O quarto onde os garotos estão fica no segundo andar, o que significa que a menos que eu queira bancar a "esquisita" tocar a campainha e perguntar "alguém se machucou gravemente ou algo do tipo?", a única alternativa para que eu pudesse saber o que estava acontecendo era subir pela varanda. Quando parei próximo a janela pude ver John estava com Sam chorando em seus braços e Dean estava acordado encolhido na cama enquanto o pai tentava acalmar o irmãozinho, mas porque eu senti essa sensação estranho só porque um bebê estava chorando…!? Isso é normal, principalmente se o bebê perdeu a mãe recentemente.

Resolvi ficar por mais algumas horas na varanda, enquanto John cuidava dos meninos, eu olhava pelos três… 

   "Os anjos estão olhando por você"

Essa frase provavelmente nunca fez tanto sentido quanto agora, pelo menos nesse momento, antes de Dean e Castiel se conhecerem… 

Fiquei na janela tempo suficiente para ver Dean entrar no berço junto com Sam durante a madrugada e o abraçar, é uma criança… não posso evitar de sentir um nó na garganta ao ver aquela cena… meu pai é um cara durão e cheio de marra, ver essa cena da infância dele é só… doloroso.

Um mês no passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora