Nuvem negra 2 - Revisão

244 17 1
                                    

Ananda Castello - LA

Durante todo esse tempo de luto de minha avó, os meninos do TH não saíram do meu lado.

Tudo eles faziam questão de me incluir.

Ontem fizemos a missa de 7.º dia e aos poucos estamos nos acostumando com a ideia que ela não vai mais voltar.

Meu avô ainda cozinha para dois. Ainda faz café para dois. Ainda anda pela casa como se estivesse conversando com ela. Meu pai me contou que ele fica ao lado do telefone esperando sua ligação e que às vezes liga para o celular dela só para ouvir a sua voz na caixa de mensagem.

Confesso que pensei em fazer isso, mas não tive coragem.

Dizem que o tempo cura tudo, mas é mentira.
Nós é que nos acostumamos com a dor e a saudade.

Estou em meu apartamento ajeitando algumas coisas, já que durante essa semana não fiz absolutamente nada.

Liv, Bill e Tom que estiveram aqui para me ajudar. Hoje, quando Tom disse que viria, eu disse que não precisava, eu estou "ok".

Consegui levantar da cama e seguir com a minha rotina normalmente.

Fui na lavanderia buscar minhas roupas e agora estou arrumando tudo em meu Closet.

Sinto um aperto no peito.
Às vezes chego a acreditar que algo ruim ainda vai acontecer.

Tom disse que é porque passei por um momento delicado e que continuo me acostumando com isso.

Não consegui escutar música ainda.
Também não consegui sair para almoçar fora ou fazer qualquer outra coisa que soe como diversão.

Abro todos os presentes que ganhei para guardar em seus lugares.

Esse ano as pessoas se superaram com todos os presentes.

Resolvi abrir a caixa misteriosa que ganhei.

Tom me disse que não foi ele quem me mandou...

Quem deve ter sido??

Sento em minha cama com a caixa na mão e ela está leve. Dou uma balançada nela com algumas coisas dentro.

Tem um bilhete.

Felicidades.

Está escrito. Não tem assinatura, nem dedicatória, nem nada.

Se eu soubesse o que tinha dentro... Teria jogado fora.

Sinto meu coração ser partido em mil pedaços.

Diferente da dor de perder alguém, a dor da quebra de confiança que você depositou em alguém é fulminante em nossos corações.

Por muitos anos me precavi quanto aos meus sentimentos depositados em alguém. Sempre fui muito de colocar os pés na água para antes mergulhar de cabeça.

Quebrar a confiança de alguém é como amassar um pedaço perfeito de papel. Você pode alisá-lo de novo, mas ele nunca voltará a ser igual.

Lágrimas escorrem em meu rosto involuntariamente.

Às vezes não é nem medo de amar. É medo de dar confiança... as pessoas sempre têm uma maneira de quebrar isso.

Dentro da caixa fotos de Tom e Olívia.

Fotos íntimas.

Fotos deles na cama...

Fotos deles se beijando.

Tom de tranças pretas...

Fotos deles felizes...

I PUTT A SPELL ON YOU - TOM KAULITZ / PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora