Prólogo

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O mundo não é fácil, isso é uma constatação óbvia, mas vamos nos aprofundar um pouco mais nisso. Quando pensamos em vida fácil, talvez você pense algo como "berço de ouro", digamos que eu tive essa vida fácil, entretanto tive certos contratempos. Não foram coisas ruins num âmbito de sofrimento geral, se comparado a outros sofrimentos, não é nada.

Talvez tivesse de ser assim, não me arrependo de absolutamente nada do que fiz, tudo se fez valer a pena. Às vezes precisamos tirar "pedras" e pessoas de nosso caminho. Cometer erros é normal, não há porque nos autodepreciarmos por eles, há uma escolha de aceitá-los e tentar não repetir.

Obviamente não sou uma bússola moral nessa história, estou mais para o vilão na visão de alguns, não que eu veja o mundo dessa forma, prefiro pensar no mundo de um jeito mais colorido, nada preto no branco.

Eu sou Arion, mas meu nome oficial era Príncipe Amerinto V da casa Alérico do Reino de Ambrosméria. Atente-se ao era, isso pertence ao passado devido a uma história bem interessante, digamos que a motivação disso é que nunca fui muito de agradar a opinião de quem eu deveria cativar, acabei por juntar um número considerável de casas que me queriam morto.

Sou o irmão do meio de cinco, sendo dois irmãos mais velhos e duas mais novas. Minha juventude foi muito boa, apesar de que os dois mais velhos não gostassem muito de mim, sempre fui mais chegado em livros do que espadas e armas de fogo, isso os irritava, pois de acordo com os mesmo eu era muito mimado, se eles pelo menos tivessem um espelho, mas enfim.

O tempo ia passando e tive brigas aqui e ali, alguns desvios periodicamente e fui obrigado a ir para um palácio no interior, não muito distante da capital, mas apenas acessível de barco e lá houveram dois grandes fatores para as ações seguintes: um foi o Magistral Deodoro Seliberti, este que tinha ideais desviantes em relação ao sistema sócio-econômico e político, os quais já observava e me causavam raiva e discussões efervescentes; dois foi o acervo bibliográfico que aquele palácio continha escondido, digamos que havia lá escondido uma biblioteca proibida fora daquelas paredes, livros encantados de crítica à monarquia e a desigualdades.

Ele me ajudou a entender melhor sobre isso enquanto lemos, relemos e discutimos por dias adoráveis. Quando meu período de isolamento acabou e consegui provar a meu pai e mãe, rei e rainha, que eu merecia voltar a participar da sociedade e assumir meu posto no Alto Conselho das Casas. Digamos que causei incômodo quando me opus a diversas propostas feitas por quase todas as vinte e seis Casas, fazer o quê se erram propostas ruins ao povo.

No final ganhei inimigos e no Inverno de 1652 Depois da Chegada, recebi uma carta, a qual dizia que alguns indivíduos que tinham pouco apreço por mim tramaram minha morte, logo busquei meu único aliado, o Senhor Seliberti e forjamos minha morte com uma espécie de veneno que me manteria desacordado, iria desacelerar meu coração e diminuir minha respiração, tudo isso apenas para fugir. Três dias após as celebrações fúnebres, velório e enterro, fui liberto da prisão de madeira adornada, me encontrei então com Deodoro me entregando uma capa vermelha e uma vela para iluminar os caminhos pelas catacumbas do Monte da Lembrança.

Cevila: A RevoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora