lázaro samuel

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ele veio do tumblr.

imaginem ser adolescente sonso as 16 ou 17 anos e estar na fase de idealizar o primeiro romance gay, com todos os requisitos que as princesas disney conseguem inspirar dentro de nós nessa época da vida.

e por surpresa do destino, durante minhas sessões online no outrora tumblr surge um it boy: tatuado, trabalhador, lindo, tímido (a ponto de não gostar de sorrir), cheio de experiências diferentes, ele reluzia aos meus olhos. senhoras e senhores, eu conheci ele: lázaro samuel 😮‍💨

começamos a conversar pelo tumblr, mas evoluiu pro celular bem rápido. eu não sei se o whatsapp não existia na época, ou se eu estava sem um celular que suportava o verdinho na época, mas fato é que nesse começo a gente conversava por mensagem de texto, o arcaio sms.

ele acordava todo dia às 4 da madrugada, e eu lembro que depois que eu já estava apaixonadex eu dormia com o celular grudado ao meu corpo, porque quando ele mandava mensagem de bom dia eu acordava na vibração do torpedo, e já respondia antes de voltar a dormir.

tenho guardado dentro de mim, com muita clareza, a sensação quentinha de estar trocando mensagens com ele quando estagiava no banco; eu comentando com as minhas colegas lá sobre ele, mostrando as fotos dele (no flickr 😵‍💫) e dando risadinhas de moça apaixonada. e ele era tão atencioso nas mensagens, impossível não deixá-lo dominar minhas ondas mentais.

não sei quanto tempo levou do início da paquera até nos vermos pessoalmente, mas sei que houve muito planejamento logístico, já que moráramos em regiões muito distantes, além do fato de estarmos falando de um encontro-adolescente-gay, ou seja, não tínhamos uma vasta lista de opções. por fim, a casa aqui ficaria vazia uma tarde e então decidimos que ele viria após o trabalho.

eu não poderia estar mais ansioso, mal consegui dormir a noite. no dia do encontro, eu estava com meu amigo aguardando dar o horário. foram basicamente duas horas dele dentro do transporte público, até que fui, acompanhado desse meu best, buscar o samuel na estação de trem. e BOOM 🤯 eis o choque: eu o achei surpreendemente diferente das fotos.

digressões sobre isso: não foi um catfish, não. eu acho que eu construi uma visão só baseada nas fotos, nunca nos ligamos de vídeo (apesar de nos ligarmos MUITO por ligação de voz, eu adorava inclusive).

bem, isso não foi um problema, porque minha ansiedade de conhece-lo seguia grande.

outro parênteses: ninguém te ensina como cumprimentar dates no primeiro encontro após o contato virtual. abraço? aperto de mão?? beijo na bochecha??? apalpada na bunda???? beijo de língua cinematográfico, com direito a ergue uma das pernas pra trás??????? eu fiquei tão em pânico que eu acho que apertei as mãos dele hahaha 🫠

fomos andando até a casa, rapidinho, e lá chegando nos despedimos do meu amigo e entramos. acho que até ali ainda estava muito travado, por causa desse best, mas ali dentro ficamos mais à vontade.

ele não podia ficar muito, porque tínhamos que contabilizar as 2h da volta também. eu estava encantado com a presença dele, e o sexo foi maravilhoso (pelo menos pra mim né, eu lembro de estar bem nervoso por perder a virgindade e querer que ele curtisse aquele momento também, mas coitado, não posso garantir).

além da minha inexperiência no contato físico, eu também era cabaço no trato e nos sentimentos, e conforme o fim do encontro foi chegando, eu fui estranhando toda aquela situação e fui me puxando pra dentro da concha, mostrando pra ele o meu lado mais cabaço, óbvio.

foram tantas as experiências novas, que eu fiquei neurado no final, como se tivesse feito algo errado talvez, ou como se eu tivesse pressa em voltar a rotina normal, inclusive para apagar as provas da presença dele já que não havia anuência explícita dos meus pais rsrsrs #gaypanicsituation

o pânico foi tanto que eu nem o levei até a estação, que ódio de mim, fomos até o ponto do ônibus (uber? haha não EXISTIA leitor, essa é uma história de época pô) e dali nos despedimos.

o papo continuou nas semanas seguintes (eu me acalmei no mesmo dia dessa crise de ansiedade) e assim fomos. na minha cabeça, eu estava namorando, apesar de não termos tido esse papo.

não sei se antes ou depois de termos nos vistos, eu fiz uma viagem com a minha turma do colégio, e lembro que ele foi assunto quente nas nossas rodas de fofoca lá. inclusive, tem vídeo meu lá no centro da cidade, levemente alto depois de incontáveis doses de cs chácara gabriela, falando que ia trazer um presente pro lázaro (que eu lembre).

durante a viagem continuamos a rotina do bom dia junto com os galos, tirando os dias que eu tava de porre óbvio. foi durante a viagem inclusive a primeira vez que vi uma foto do menino sorrindo - lindo.

teve uma foto que tirei lá e mandei pra ele, ou ele viu online, e o comentário que recebi foi "parece que está usando meias até os joelhos" tirando uma com as minhas pernas serem do estilo peluda desde cedo. rimos todos.

não sei quanto tempo ficamos juntos, mas nos vimos talvez 4 ou 5 vezes, seguindo o mesmo modus operandi de sempre. incluindo a crise de ansiedade ;( kkk

em algum momento a ansiedade extrapolou o que eu tinha de controle, e coloquei na cabeça que eu não estava mais na mesma sintonia que ele. olhando hoje, acho que era medo.

mas é claro que como todo com covarde, eu não falei o que tava sentindo, e fui construindo na minha mente um discurso imundo que era algo como "eu não presto pra você, você merece mais, blá-blá-blá". broxante, sinceramente.

acho que isso veio também de uma culpa que eu comecei a sentir porque já nos falávamos há alguns meses e nos víamos pouco, e eu havia beijado outras caras como se solteiro estivesse, então condensei minha culpa numa desculpinha barata e minha solução foi me afastar dele.

anos depois eu ouvi em algum lugar que a gente tende a se apaixonar por quem perdemos a virgindade, e com ele eu confirmei essa teoria, porque segui procurando ele ao longo dos ANOS.

ele me superou, namorou, se mudou, seguiu sendo doce e inteligente, e trabalhando muito, e lendo muito, e sendo um gostoso. e de biênio em biênio, lá dava eu surgindo na vida dele, inclusive chegamos a nos encontrar uma vez na nova casa dele, e nunca mais.

por mais que eu explorasse todo esse role na minha cabeça, e por mais que já tivéssemos tido conversas |sérias| nesses anos, e ele conseguia se mostrar bem maduro em relação a nossa relação, eu sempre tive dificuldade em fechar esse parênteses e não tenho claro o motivo até hoje.

acho que egoísmo é a palavra. eu jogo pra terapeuta essa.

essa semana inclusive nós conversamos, e ele foi até aberto a um papo. fui vê-lo na saída da aula, e pra mim foi muito legal. as lembranças vieram como um abraço, as coisas boas me estavam afloradas.

óbvio que minha falta de senso não se corrigiu ao passar dos anos, porque resolvi encontra-lo no final de um dia puxado, trabalho mais facul, dia útil, a noite, que horror de escolhas.

chegando em casa mandei mensagem forçando intimida, e óbvio que ele me cortou ali mesmo. talvez esse seja o fechamento do capítulo com ele, talvez eu finalmente supere meu primeiro crush de nome composto 🫀

não me imagino esquecendo das tatuagens dele, ou dos latidos da cachorra nick nas nossas ligações, nem dele em si.

vilão Where stories live. Discover now