Quando ouviu o som estridente do despertador ela se assustou, bom, é isso que acontece quando você coloca dois despertadores para tocar ao mesmo tempo. Lisa era do tipo atrasada, não porque queria, na verdade explicando melhor ela tinha uma teoria de que o universo estava a sabotando de alguma forma porque não fazia sentido para si as coisas que lhe aconteciam, não sabia se a palavra azarada se encaixaria perfeitamente em si ou se estava exagerando.
Jogando todos esses pensamentos para sua lixeira mental, sim tinha criado uma lixeira mental, basicamente era onde jogava todos os pensamentos indesejados não posso garantir que funcionava sempre mas tinha lá suas utilidades. Ela se levantou olhando as horas, cedo, foi o que constatou.
Não há nada pior na vida de um adolescente do que o ensino médio do que o proprio ensino médio, porém depende do tipo de adolescente que você é, talvez até se de bem. A questão é que não há bem um meio termo ou você se dá bem ou entra para a turma dos esquecidos os quais ninguém nem se lembrará que estudou junto, é… posso dizer que Lisa está incluída nessa turma. E para a infelicidade dela durante 5 dias da semana tinha que estar na escola, na maior parte do tempo passava despercebida o que ela achava ótimo, melhor do que ser notada e ser atormentada a cada cinco segundos apenas por existir.
Tirou seu incrível pijama das meninas super poderosas, sua avó ainda não havia percebido que ela tinha 15 anos, vestiu uma calça qualquer com um moletom qualquer e por baixo dele colocou algumas blusas já que não queria morrer de frio. Não entendia de combinações de roupas, se baseava no básico apenas para não ser considerada uma agressora da moda assim que colocasse os pés fora de casa. Todas as suas roupas se mantinham em 3 tons: preto, cinza e branco. Dificilmente as peças não combinavam então era uma jogada inteligente para si.
Desceu as escada sentindo o ótimo cheiro de café, mentira, ela odiava aquele cheiro para si não havia bebida mais medíocre e ruim do que o café mas sua avó Sunan bebia aquilo 24 horas, então não podia reclamar. Viu a avó preparar o seu típico sanduíche e um suco natural, sim natural, ela insistia que produtos industrializados matariam a neta lentamente sem que nem percebesse, o que não era uma imensa mentira.
- Bom dia, minha linda.- A mais velha disse notando a presença da outra.
- Bom dia vó.- Se aproximou deixando um beijo na bochecha dela.
- Fiz um sanduíche para você comer agora e outro para lanchar de tarde, hoje almoça na escola certo?- Gostava da preocupação que a avó tinha por si.
- Sim, hoje tenho aulas até o fim da tarde.- Sentou-se pegando o sanduíche, dando uma mordida em seguida.- Obrigada vó isso aqui tá muito bom.- Disse com a boca um pouco cheia.
- Mastigue primeiro, depois me agradeça.- Achou graça da neta, aquele jeitinho meio desajeitado a fazia lembrar da filha.- Pegue esse dinheiro que está em cima da mesa, compre algo para almoçar na escola.
- Não precisa me dar dinheiro.- Disse sabendo da realidade financeira da mais velha.- Eles dão comida de graça no almoço da escola.
- Mas a comida é boa?- Questinou.- Não quero que coma nada ruim.
Lisa não queria entrar nesse debate, era sempre assim, então preferiu apenas aceitar o dinheiro e guardá-lo algum dia talvez precisassem. Sua avó era aposentada, não recebia muito dinheiro apenas o suficiente para que as coisas não faltassem dentro de casa, porém a mais velha estava sempre vendendo algo fossem plantas, peças de crôche, tricô ou qualquer coisa que soubesse fazer e lhe desse uma renda a mais, queria que a neta tivesse o melhor apesar de saber que não tinha condições de comprar coisas caras, gostaria de dar a Lisa ao menos algo que fosse de alguma qualidade. Por outro lado Lalisa não queria ser um peso para avó.