Capítulo 6: Castelo de cartas

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Minhas palavras podem parecer estranhas depois de quase dois anos sem escrever. Desculpe. Espero que aproveitem a leitura.

Palavras: 8196.

💙

As palavras do seu pai ainda ecoam furiosas pela casa. Elas reverberam entre as paredes, rodopiando em uma espiral de ódio em torno de Taehyung.

Três grandes malas estão abertas, estiradas no chão, sendo abarrotadas de roupas e objetos pessoais. Taehyung se enfurece ao perceber a quantidade de coisas que tinha, se perguntando se as três malas caberiam tudo. Não queria precisar ter que voltar ali para buscar o restante que sobrasse. Ou apenas deveria recomprar tudo de novo? Dinheiro não era um problema. A cada segundo que passava, sua cabeça girava mais e mais, enjoado.

O que fizera para ter passar por tudo aquilo? Deveria ter sido um filho melhor? Nunca tinha sido o suficiente para o seu pai? Deveria ter seguido os passos de Namjoon e ter se casado cedo?

— Eu sou o seu pai! Você me deve respeito, Kim Taehyung. Não irei aceitar esse comportamento sob o meu teto. — O rosto de SeungHo está pintado de carmesim, chegando até as pontas das orelhas arredondadas.

Ele está parado na porta do quarto, observando o filho andar para lá e pra cá, esvaziando o guarda-roupa e a escrivaninha em uma velocidade assustadora.

— Então, deveria estar feliz, já que não estarei mais aqui. Aproveite esse tempo para refletir como têm tornado a minha vida miserável nesses últimos dois anos, pai. — Taehyung suspira pesadamente. — Eu sou adulto agora, e você não é o meu dono.

— Você não sabe o que diz, Taehyung. Acha que é um adulto, mas esteve debaixo das minhas asas todo esse tempo.

— Não se engane, continuei morando aqui depois que o Namjoon se casou porque eu não queria que você acabasse sozinho, e não porque eu acho que te devo algo. Acha mesmo que a minha mãe estaria feliz com o que tem feito com essa família?

— Não traga a sua mãe para essa discussão. — A voz de SeungHo treme, a raiva serpenteando suas palavras.

De repente, os feromônios de SeungHo estão por toda parte, deixando Taehyung tenso.

— Ah? Como eu apenas não deveria trazê-la para a discussão se você sempre faz questão de me dizer o quanto ela deve estar se revirando de raiva no túmulo por minha causa? — Joga um blazer na mala, raivoso. — Não seja hipócrita.

Levaria apenas o essencial. Taehyung não iria suportar mais do que apenas alguns minutos ali. Aparentemente, seu pai estivera ansioso para causar uma briga.

— O que está acontecendo aqui? — A voz de Namjoon se sobrepõe, e ele está parado no corredor com os olhos levemente arregalados e confusos.

— Taehyung... — O tom de SeungHo é severo, um aviso.

— Estou indo embora agora — diz ao terminar de fechar a terceira mala. Não havia sobrado muitas coisas suas ali, mas não fariam falta, de qualquer maneira.

Namjoon o ajuda com a terceira mala, e SeungHo vem logo atrás, esbravejando coisas sem sentido para Taehyung, que simplesmente parou de ouvir. Tem a impressão de escutar o seu primo tentar argumentar com SeungHo, mas não há efeito algum. O castelo de cartas está desmoronando com apenas um breve sopro, e Taehyung não pretende reconstruí-lo. Esteve preso todos esses anos dentro dele, observando os soldados de papel o vigiarem noite e dia, enquanto da torre mais alta via a vida avançar, ao tentar sobreviver.

Agora estava livre. Um peso enorme abandonava os seus ombros a cada passo dado em direção ao seu carro.

SeungHo estanca os passos atrás do filho quando Taehyung para de andar repentinamente.

Love, Gukkie  💌  taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora