Ela segurou o corpinho quente contra o peito em um aperto gentil, a mão segurando a base da coluna e a cabeça em uma manobra que ela tinha lido que era eficaz pra não machucar o corpo frágil e mole.
Os sons altos e engasgados que ele fazia era como uma punhalada direto no coração, torcendo o órgão em um aperto brutal.
Wednesday caminhou de um lado para o outro, as mãos tremendo levemente e o nariz escorrendo, os olhos ficando vidrados conforme os minutos passavam e o choro não parava.
Não era a frauda, ela tinha verificado três vezes, não era fome, sua barriguinha ainda estava cheia do leite e não parecia sono, já que ele se recusava a fechar os olhos.
— O quê você tem? — Ela sussurou contra as mechas que cobriam sua cabeça. — É dor? Você está machucado?
Sua única resposta foi mais choro estrangulado. Contra sua vontade, seu nariz começou a arder e logo lágrimas se formaram no canto dos olhos, seu fracasso como mãe se mostrando completo.
Foi como o rompimento de uma represa. Quando ela percebeu o choro, só serviu para se sentir mais patética e chorar ainda mais, logo engasgando por ar igual o bebê alinhado no seu peito.
A porta se abriu e sua mãe apareceu ali, a imagem da angústia descrita no rosto pálido.
— Eu sei que você disse que queria tentar sozinha mas eu ouvi o choro e-
Ela foi cortada quando Wednesday caminhou a passos largos até ela e colocou o bebê chorando nos braços da mãe, e ignorando seu choque, caminhou até a cama e se sentou nela, colocando a mão no rosto e chorando alto e feio.
Morticia olhou pra filha com dor e simpatia, e ajustando o neto nos braços pra ficar confortável, se sentou ao lado da filha e colocou a mão nas costas dela.
Wednesday ficou tensa e recuou imediatamente. — Cuida dele, ele não parou de chorar, deve está sentido alguma dor ou talvez s-so me odeia eu não sei.
— Eu estou aqui pra cuidar dos dois. — Morticia disse com firmeza, o tom geralmente sereno não estando em lugar algum. — Querida, só deve ser alguma cólica. Aqui, se deita. – Ela levantou e começou a ajeitar a cama, balançando o pequeno Edgar com a mão.
Wednesday encarou a mãe que a encarou de volta e com um suspiro derrotado, se deitou de barriga pra cima.
— Agora levanta a camisa. — Ela fez como a mãe mandou e logo seu filho foi colocado contra seu peito, barriga contra barriga e ela sentiu o calor dele, tão quente que era surpreendente, se infiltrando em seus próprios ossos. — Agora você passa a mão pelas costas dele suavemente, deixa seu ritmo embalar seu sono.
Ela fez conforme a mãe instruiu e ficou surpresa quando minutos depois, o choro alto se acalmou para resmungos chorosos até o silêncio completo, uma mãozinha agarrando com força a barra da sua camisa.
— Eu sei que você disse que queria fazer tudo sozinha. — Ela se surpreendeu com a voz da mãe, tão concentrada na pequena pessoa dormindo pacificamente como se o mundo lá fora fosse irrelevante. – E se uma pessoa pode fazer isso, é você. Mas, querida, todo mundo precisa de ajuda as vezes e sua família está mais que disposta a ajudar.
Morticia caminhou até a porta e antes de fechá-la atrás de si, se virou novamente para a filha. — E Wednesday? Ele não te odeia. Ele é tão pequeno, seu coração minúsculo só cabe um sentimento por vez e eu tenho certeza que nesse momento é amor pela sua mamadeira gigante. — Ela se foi como se nunca tivesse aparecido em primeiro lugar.
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Filho da mãe, sangue do pai.
Romance"E se naquela noite acontecesse mais que apenas um beijo?" Edgar Addams fica repentinamente doente e Wednesday Addams tenta de tudo para salvar a vida do filho, mas não consegue descobrir o que tem de errado com ele. Em um último ato de desespero, e...